Lady Hawarden trabalhava com uma câmera estereoscópica e fotografava na propriedade de sua família irlandesa em 1857 e continuou o seu trabalho quando se mudou para Londres em 1859. Lá, tirou fotos de suas três filhas mais velhas Isabella Grace, Clementina e Florence Elizabeth. As meninas foram freqüentemente fotografadas em poses românticas. Lady Hawarden exibia suas fotos, ganhou medalhas de prata em 1863 e 1864 e era admirada por Oscar Rejlander e Lewis Carroll, que adquiriu cinco imagens de autoria da fotógrafa. Recentemente, a coleção de fotos abaixo foi avaliada em £150,000, aproximadamente R$450.000,00.
Na foto abaixo, à esquerda, Isabella Hawarden usa um vestido diurno convencional e sua irmã Florence (a moça do lado direito) teve a crinolina removida para o vestido caber na foto. O curioso é que a gente tem a impressão de que mesmo com crinolina o vestido caberia na foto... e está usando um tecido branco adicional envolto de uma forma que reflete a forma do vestido de Isabella. Alterar as peças de moda com intuito de fotografar, nos lembra o trabalho atual dos stylists.
Aqui, aparentemente é o mesmo vestido branco acima:
Esta foto de Isabella foi usada na capa da obra de Wilkie Collins intitulada Woman in White. A imagem tem um ar de privacidade e mistério que caracteriza o trabalho de Lady Hawarden.
Isabella e Clementina em vestidos boêmios.
Opa! Você sabe o que é um vestido boêmio não é? Se não sabe, leia este post ;)
Não é curioso que quando tiramos aquelas roupas estruturadas dos vitorianos e eduardianos e colocamos neles roupas mais fluidas eles começam a parecer contemporâneos? Até mesmo pose das duas garotas abaixo é parecem atuais. Impressionante como vestir uma roupa sem estruturas altera a forma como se usa o corpo, não é?
Mais uma foto de uma de suas filhas. Lady Hawarden sempre as colocava em situações fantasiosas, pensativas ou melodramáticas...
... aqui por exemplo, as filhas Isabella e Clementina atuam num psicodrama como se estivessem em uma pintura narrativa.
Clementina canalizando grande emoção, num estudo de luz e sombra.
Abaixo, duas imagens de Clementina atuando como uma heroína trágica. Ela usa um véu, seria uma noiva abandonada?
Quartos silenciosos e escassamente mobiliados e mulheres em pose solenes usando roupas extravagantes. O mundo exterior é distante, como um sonho. Essa sensação de romance e fantasia caracterizam os temas góticos explorados na Era Vitoriana. As três filhas de Lady Clementina Hawardem parecem como versões crescidas de Alice do País das Maravilhas. A própria Lady Clementina conheceu Lewis Carroll como colega de fotografia. Na foto abaixo, referência à Alice? Em ambos os lados do espelho, um outro mundo:
Mais fotos, a maioria em interior de residência. Naquela época, mulheres ficavam muito mais no espaço privado do que no espaço público.
Lady Clementina Hawarden morreu aos 42 anos em 1865. Tem sido sugerido que sua saúde estava gravemente afetada pelos produtos químicos utilizados nos processos fotográficos. Mesmo com uma vida tão breve, podemos a considerar uma das maiores fotógrafas do século XIX. Resgatar a História das Mulheres e valorizar seus contextos é importante - sem comparar com o trabalho dos homens - afinal, haviam limitações justamente por ela ser do sexo feminino. Que mais histórias de mulheres sejam resgatadas para apreciação.
Fontes Consultadas (texto e fotos):
- http://www.telegraph.co.uk/culture/culturepicturegalleries/9854840/Lady-Clementina-Hawarden-one-of-Britains-first-female-photographers.html?frame=2473604
- Parte traduzida do texto foi autorizado por email por David Walker do The Library Time Machine.