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segunda-feira, 24 de junho de 2024

A Pioneira Fotógrafa de Moda: Lady Clementina Hawarden

Lady Clementina Hawarden (1822 - 1865) é considerada a "primeira" fotógrafa de Moda. É daquelas mulheres que a gente admira por terem dado um passo à frente na história, porque no século XIX as mulheres ainda não tinham muito espaço socialmente. Naquela época, a fotografia era dominada por homens, com temas masculinos e principalmente arquitetônicos. O fato de uma mulher ter tido reconhecimento em sua época por apresentar temas femininos foi uma tremenda realização, mas também demonstra que ela teve acesso à essa tecnologia, possivelmente por sua condição social. 
Lady Hawarden trabalhava com uma câmera estereoscópica e fotografava na propriedade de sua família irlandesa em 1857 e continuou o seu trabalho quando se mudou para Londres em 1859. Lá, tirou fotos de suas três filhas mais velhas Isabella Grace, Clementina e Florence Elizabeth. As meninas foram freqüentemente fotografadas em poses românticas. Lady Hawarden exibia suas fotos, ganhou medalhas de prata em 1863 e 1864 e era admirada por Oscar Rejlander e Lewis Carroll, que adquiriu cinco imagens de autoria da fotógrafa. Recentemente, a coleção de fotos abaixo foi avaliada em £150,000, aproximadamente R$450.000,00.


Na foto abaixo, à esquerda, Isabella Hawarden usa um vestido diurno convencional e sua irmã Florence (a moça do lado direito) teve a crinolina removida para o vestido caber na foto. O curioso é que a gente tem a impressão de que mesmo com crinolina o vestido caberia na foto... e está usando um tecido branco adicional envolto de uma forma que reflete a forma do vestido de Isabella. Alterar as peças de moda com intuito de fotografar, nos lembra o trabalho atual dos stylists.

 

Aqui, aparentemente é o mesmo vestido branco acima:


Esta foto de Isabella foi usada na capa da obra de Wilkie Collins intitulada Woman in White. A imagem tem um ar de privacidade e mistério que caracteriza o trabalho de Lady Hawarden. 


Isabella e Clementina em vestidos boêmios. 
Opa! Você sabe o que é um vestido boêmio não é? Se não sabe, leia este post ;)
Não é curioso que quando tiramos aquelas roupas estruturadas dos vitorianos e eduardianos e colocamos neles roupas mais fluidas eles começam a parecer contemporâneos? Até mesmo pose das duas garotas abaixo é parecem atuais. Impressionante como vestir uma roupa sem estruturas altera a forma como se usa o corpo, não é?


Mais uma foto de uma de suas filhas. Lady Hawarden sempre as colocava em situações fantasiosas, pensativas ou melodramáticas...


... aqui por exemplo, as filhas Isabella e Clementina atuam num psicodrama como se estivessem em uma pintura narrativa.



Clementina canalizando grande emoção, num estudo de luz e sombra.


Clementina vestida como um homem com Isabella em trajes femininos


Abaixo, duas imagens de Clementina atuando como uma heroína trágica. Ela usa um véu, seria uma noiva abandonada?



Quartos silenciosos e escassamente mobiliados e mulheres em pose solenes usando roupas extravagantes. O mundo exterior é distante, como um sonho. Essa sensação de romance e fantasia caracterizam os temas góticos explorados na Era Vitoriana. As três filhas de Lady Clementina Hawardem parecem como versões crescidas de Alice do País das Maravilhas. A própria Lady Clementina conheceu Lewis Carroll como colega de fotografia. Na foto abaixo, referência à Alice? Em ambos os lados do espelho, um outro mundo:



Mais fotos, a maioria em interior de residência. Naquela época, mulheres ficavam muito mais no espaço privado do que no espaço público. 


Lady Clementina Hawarden morreu aos 42 anos em 1865. Tem sido sugerido que sua saúde estava gravemente afetada pelos produtos químicos utilizados nos processos fotográficos. Mesmo com uma vida tão breve, podemos a considerar uma das maiores fotógrafas do século XIX. Resgatar a História das Mulheres e valorizar seus contextos é importante - sem comparar com o trabalho dos homens - afinal, haviam limitações justamente por ela ser do sexo feminino. Que mais histórias de mulheres sejam resgatadas para apreciação.

O museu Victoria and Albert de Londres inclui em sua coleção, fotografias originais de Lady Hawarden [aqui].

Fontes Consultadas (texto e fotos):
- http://www.telegraph.co.uk/culture/culturepicturegalleries/9854840/Lady-Clementina-Hawarden-one-of-Britains-first-female-photographers.html?frame=2473604
- Parte traduzida do texto foi autorizado por email por David Walker do The Library Time Machine.

terça-feira, 14 de maio de 2024

12 livros de Moda para elevar seu repertório de conhecimento

Constantemente me questionam quais livros de moda eu consulto para elaborar minhas pesquisas e postagens no blog. Selecionei uma lista com 12 títulos, mas é só o começo, em breve indicarei mais livros.


The Dictionary of Fashion History

the dictionary of fashion history

Esta nova edição do The Dictionary of Fashion History atualiza ainda mais o trabalho marcante de C. Willett Cunnington, Phillis Cunnington e Charles Beard. Apresentando mais de 60 novos verbetes  sobre diversos temas. Com muito mais imagens para acompanhar o texto e ilustrar as principais modas - incluindo desenhos animados, estampas e fotografias coloridas luxuosas de peças de vestuário - esta versão do dicionário dá vida a peças de vestuário deslumbrantes e incomuns para pesquisadores, estudantes, figurinistas e todos os interessados ​​no assunto. Clara, concisa e meticulosa nos detalhes, esta obra de referência essencial responde a inúmeras questões relacionadas à história do vestuário e dos adornos e continuará a ser o guia definitivo por muitos anos.

Corset: interpretação da forma e da construção

Corset: interpretação da forma e da construção

Poucas peças de roupa fascinam tanto quanto o corset ou espartilho. Ele, que começou como uma underwear, hoje figura tanto nos bastidores quanto no palco: pode combinar com saia, pantalona, jeans, ou servir para sustentar vestidos soltos, com drapeados, de noiva e o que mais a imaginação alcançar. Mas, para que o caimento seja perfeito, o corset deve ser construído minuciosamente. Corset: interpretações da forma e da construção, revela com detalhes todo o processo de construção de diferentes tipos de corset (overbust, midbust, underbust e waist cincher), desde a modelagem, utilizando a técnica da moulage, até a finalização da peça. Com fotografias mostrando o passo a passo da montagem do corset, este livro comprova que a construção dessa peça é um apurado processo de modelagem e também uma delicada criação poética.


Elegância, Beleza e Poder na Sociedade de Moda dos Anos 50 e 60

Elegância, Beleza e Poder na Sociedade de Moda dos Anos 50 e 60

Baseada na teoria da recepção, a autora realizou por meio de centenas de matérias publicadas em distintas revistas, nacionais e internacionais, a análise da experiência de uma sociedade cujo cerne estava vinculado a um prazer estético que se realizou através do prazer de si no prazer no outro. Discute-se as concepções de elegância e de beleza que se reformularam ao longo das décadas de 1950 e 1960 no Brasil e na França e descreve-se, analiticamente, as práticas de beleza e suas implicações com a constituição de estratégias de poder, responsáveis por compor novos grupos de elite. Em meio as discussões inovadoras sobre a moda produzida nas décadas seguintes a Segunda Guerra Mundial é possível conhecer as crises, as reconstruções e os desafios vividos pela sociedade francesa para se manter como berço da Alta Costura enquanto se modernizava. Também o leitor poderá ver, a partir de novos prismas, como as publicidades, as exaltações da beleza e os concursos de miss da época reformularam estratégias de poder e inserção social e, como essas reformulações exigiram da elite sua transformação. Todos os discursos criados no contexto da segunda metade do século XX, reformulando padrões de elegância e beleza, receitando práticas diversas sobre o corpo e a alma e possibilitando o acesso ao moderno por meio do consumo popularizado do novo, além de criar outras subjetividades, criaram outras relações sociais e novos poderes. 

História social da moda
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História social da moda

A história do vestuário diz muito sobre a sociedade e seu tempo. Nesse livro, a autora traça um interessante panorama da origem da moda e de sua evolução ao longo da história. Conta, entre outras coisas, como os vestuários masculino e feminino passaram a diferenciar-se, como a Igreja tentou conter os modismos na Idade Média e por que só pode existir moda em sociedades cuja estrutura não é estática. Fundamental para entender o espaço cada vez maior que a moda ocupa hoje na nossa sociedade.


História da moda no Brasil: Das influências às autorreferências

História da moda no Brasil: Das influências às autorreferências

Resultado de uma pesquisa vasta e inédita em sua abrangência, o livro "História da Moda no Brasil: das influências às autorreferências", sob a coordenação do jornalista e escritor Luís André do Prado e do professor de moda e escritor João Braga. Com apresentação gráfica primorosa, ilustrado com mais de 400 imagens, o volume permite ao leitor percorrer a história de nosso país por meio das roupas, compondo um painel visual evolutivo dos movimentos estéticos, comportamentais e da criação de moda vivenciados no Brasil.


O guarda-roupa modernista: O casal Tarsila e Oswald e a moda

O guarda-roupa modernista: O casal Tarsila e Oswald e a moda

Entre 1923 e 1929, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade formaram um par icônico da cultura brasileira. O casal Tarsiwald ― apelido cunhado por Mário de Andrade ― se consagrou como um símbolo tanto no campo das artes visuais quanto no da literatura. Em O guarda-roupa modernista , a professora e pesquisadora Carolina Casarin mostra como os dois se apropriaram da moda para deixar a sua marca. Inédita, esta farta pesquisa revela como os ideais modernistas e as contradições do movimento podem ser compreendidos a partir da escolha das roupas de dois notáveis intérpretes do Brasil. Por meio de diferentes registros da época ― vestimentas, fotografias, pinturas, obras literárias, correspondências, depoimentos e recibos ―, a autora nos apresenta a um casal vibrante que soube traduzir em sua aparência a irreverência, a elegância e as ambiguidades do nosso país.


Moda e Publicidade no Brasil nos Anos 1960
Moda e Publicidade no Brasil nos Anos 1960

A segunda metade do século XX ficou marcada na moda pelas roupas de tecidos sintéticos e pelas coleções de prêt-à-porter. É sobre esse momento histórico que a doutora em História Maria Claudia Bonadio traça um panorama, oferecendo, além da linha cronológica, um contexto histórico e cultural do momento vivido pelo país a partir das estratégias de marketing da Rhoda Têxtil e do publicitário Livio Rangan (1930-1985). Durante o período, a empresa relacionava as peças de fios sintéticos com as artes e a cultura brasileiras, mais frequentemente com a música, às artes plásticas e a cor local de diversas regiões do País para atrair o público. Além disso, a Rhodia aproveitava a Feira Nacional da Indústria Têxtil (Fenit), para lançamentos e divulgações com shows-desfiles unindo suas peças a diversos artistas nacionais, entre nomes da música popular, teatro e artistas plásticos. Alisando as estratégias de publicidade, o discurso e a relação com o publico, Maria Claudia descreve, além do ambiente da moda no período, o contexto cultural que vivia o país.


A Cultural History of Western Fashion: From Haute Couture to Virtual Couture

A Cultural History of Western Fashion: From Haute Couture to Virtual Couture


Uma História Cultural da Moda Ocidental orienta você através das relações entre a alta costura e a moda de grife pronta para vestir, a cultura popular, os grandes negócios, a produção de alta tecnologia, bem como as mídias tradicionais e sociais. Explorando a natureza interdisciplinar da moda, English e Munroe também destacam a evolução paralela do design de vestuário e de outras artes visuais nos últimos 150 anos. Esta nova edição inclui uma cobertura ampliada da preparação para a Primeira Guerra Mundial e atualiza este texto clássico. Há também um novo capítulo sobre têxteis inteligentes e tecnologia, explorando o trabalho de Hussein Chalayan e Iris Van Herpen, entre outros, e uma cobertura ampliada do papel da sustentabilidade na indústria da moda contemporânea, incluindo a produção têxtil biossintética e o uso de couro vegano por Stella McCartney.


O império do efêmero: A moda e seu destino nas sociedades modernas

O império do efêmero: A moda e seu destino nas sociedades modernas

Como se explica que a moda seja um fenômeno essencialmente ocidental e moderno? Quais os grandes momentos históricos, as grandes estruturas que determinaram a organização social das aparências?Elaborando uma verdadeira arqueologia do frívolo e do efêmero, uma reflexão que ultrapassa a lógica do diferenciamento social, o filósofo francês Gilles Lipovetsky confere à moda um caráter libertário, faz dela signo das transformações que anunciaram o surgimento das sociedades democráticas. Lipovetsky acaba por nos mostrar que, "no filme acelerado da História moderna, dentre todos os roteiros, o da Moda é o menos pior". Lançado na França em 1987, O império do efêmero provocou polêmicas acirradas: alguns críticos investiram violentamente contra ele, mas outros o consideraram um autêntico guia dos anos 1980.

O cérebro e a moda

Você já se perguntou se as roupas que veste e as marcas que escolhe realmente expressam quem você é e no que acredita? Será que de alguma forma você está sofrendo a influência das imagens que vê nos filmes, nos editoriais de moda e nas campanhas publicitárias? Em O cérebro e a moda, Nathalia Anjos discute como certos paradigmas podem condicionar a nossa noção do que é belo, ideal ou do que está na moda, analisando como as imagens a que somos expostos podem impactar nossas emoções e sentimentos. Esse é justamente o campo de estudo da neuroestética, razão pela qual a autora explica como o cérebro registra os elementos estéticos que recebemos, assim como nossos modelos mentais, crenças e valores por meio dos quais percebemos a realidade e o imaginário coletivo que nos cerca. 


A moda e seu papel social: Classe, Gênero e Identidade das Roupas

A moda e seu papel social: Classe, Gênero e Identidade das Roupas

Nesse livro, um histórico das relações que mediaram a criação e as transformações no uso da moda mostra como sua função de indicar status social foi gradativamente alterada nas sociedades contemporâneas para a de fator de construção da identidade do indivíduo. As discussões histórica e sociológica desenvolvidas serão de grande interesse para os estudiosos da cultura, que encontrarão elementos para compreender os complexos mecanismos que definem a aprovação e a adoção de determinada aparência por membros de um grupo.


História do vestuário

História do vestuário

Esta obra mostra por meio de exemplos práticos a história e o desenvolvimento do vestuário. O autor se deu ao trabalho de tomar como base do seu estudo peças reais de vestimentas que sobreviveram, recorrendo a pinturas, estátuas e outras reproduções unicamente nos casos em que os originais não mais existiam.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Minimalismo: O que é minimalismo, qual sua origem?

Intimamente relacionado ao Modernismo, o Minimalismo se refere a uma estética refinada, austera e atemporal. É recorrente na moda desde o século XX e segue a tradição de Coco Chanel, Claire McCardell e Jean Muir.  Uma série de estilistas que trabalham com essa estética ganhou destaque na década de 1990.


Ícones: Calvin Klein, Jil Sander, Helmut Lang.

Recatado; Intelectual; Funcional; Menos é Mais


Vestido Bernadette, de Calvin Klein, 1996.


Os anos 1980 foram caracterizados (e caricaturados) como um período grosseiro, de ombros largos e falta de bom gosto. Os anos 1990 apresentaram uma estética mais contida e intelectualizada, que bania o exibicionismo do período anterior. Desenvolveu-se uma tendência para a roupa minimalista.


O Minimalismo nasceu como estética funcional, contida. No entanto, os minimalistas exibiam um rigor intelectual que os distinguia dos estilistas que apenas seguiam uma linha clássica em seus modelos.  A alfaiataria elegante e refinada do vestuário masculino foi incorporada à estética feminina, com cores neutras ou suavizadas a fim de não tirar o foco do corte ou do usuário. Enfeites supérfluos também foram dispensados. 


Helmut Lang era um superminimalista que descrevia suas roupas como "sem referências". Definidos por uma silhueta esbelta, pela justaposição de materiais incongruentes (e por vezes obviamente sintéticos, como fitas metalizadas) e por coleções andróginas, Lang foi a encarnação do Minimalismo da década de 1990.


Look de Helmut Lang, Spring 1998.


Este texto é uma adaptação do capítulo: "Minimalismo" presente em:
MACKENZIE, Mairi. Ismos: Para entendera moda. São Paulo : Globo, 2010


O que é Moda Vintage? Qual sua origem?

 As roupas de segunda mão sempre foram associadas à caridade com os mais necessitados, ou ainda às militantes da contracultura. No final da década de 1990, porém, elas foram alçadas à condição de um dos principais filões da moda, batizado com um charmoso nome: Vintage.


Ícones: Keni Valenti; Bay Garnett; Kate Moss; Cameron Silver

Apropriações pelo mainstream: discurso da individualidade.


O surgimento do Vintage em meados dos anos 1990 como alternativa real às roupas novas em folha foi parte de uma tendência mais ampla de repudio à (supostamente homogênea) moda mainstream (moda dominante) e de estímulo à expressão individual por meio do vestuário - inclusive pela customização, outro modismo emergente.  


Usar roupa vintage significava ser um profundo conhecedor de moda. Esta ideia foi reforçada pela mídia. Revistas femininas sempre prontas a lançar modismos caros, exaltaram a alegria do Vintage. Guias especializados passaram a oferecer conselhos sobre como usar e onde comprar modelos usados. 


O impulso definitivo da tendência veio das mais poderosas divulgadoras da moda moderna: as celebridades.

Kate Moss em particular vem sendo uma influeêcia fundamental para a adoção generalizada do Vintage (e de tendências nele inspiradas) pelo mainstream.



A fim de capitalizar com a tendência, lojas de varejo logo incorporaram o Vintage, como a Topshop, Liberty, Au Printemps, todas tem áreas dedicadas ao vintage comercial.


A moda sempre apresentou uma inclinação para a nostalgia e o ressurgimento dos velhos estilos tem sido uma constante em sua história. O sucesso di Vintage teve impacto sobre o processo de produção de muitas das mais importantes casas de moda. Alguns estilistas examinam os arquivos das casas e reproduzem peças "clássicas".


A apropriação de brechós como fonte de inspiração também se tornou parte legítima do processo de moda. Visitas à feiras Vintage se incorporaram no calendário tanto quanto os desfiles e as exposições de tecidos. 


ATENÇÃO: Vestuário de Museus

O vestuário histórico dos acervos dos museus, teoricamente, poderia ser classificado como Vintage. No entanto, tais peças não podem ser vistas como tal. O Vintage como movimento de moda, é definido por seus padrões de consumo. Roupas musealizadas estão fora do mercado de consumo. 


Este texto é uma adaptação do capítulo: "Vintage" presente em:
MACKENZIE, Mairi. Ismos: Para entendera moda. São Paulo : Globo, 2010


terça-feira, 14 de junho de 2016

A Moda Feminina de 1863 a 1903



http://picnicvitoriano.blogspot.com.br/2013/10/a-moda-feminina-de-1863-1903.html



Década de 1860
A década de 1860 viu a decadência da crinolina na moda feminina e a silhueta se tornado menor. Em 1863, o formato da saia era reto na frente e projetado para trás numa forma elíptica, mangas  amplas e o pescoço enfeitado com golas altas em renda ou outro tecido delicado. Essa era a roupa do dia. A roupa da noite tinha golas mais baixas e mangas curtas usadas com luvas curtas de renda ou luvas de tecido sem dedos e as saias possuíam maiores crinolinas que as saias de uso diurno. Era comum um tecido de mesma estampa ser usado para dois vestidos, um para o dia, outro para a noite. Pequenos chapéus e flores enfeitavam os cabelos.

Trajes de 1864, crinolina de forma elíptica


Entre 1864 e 1867 a forma da crinolina começou a mudar. As mulheres tanto usavam a crinolina elíptica quanto a crinolette, uma peça que tinha frente e os lados pequenos e volume na parte de trás, mas com amplitude bem menor que a crinolina.




Foi nessa época surgiram também um tipo de calças folgadas ao estilo turco, chamadas de “bloomers” inventado pela ativista Amélia Bloomer Jenks, no entanto, a peça foi ridicularizada e acabou sendo adaptada para as meninas e para educação física feminina.


Lá por 1867 uma nova silhueta surge, apoiada desta vez pelo Bustle. O bustle dava volume nas saias na parte central de trás, o que fez com que os tecidos em excesso e os enfeites fossem transferidas para aquela região da saia. Em 1870, a moda eram vestidos em cores vibrantes, usando tecidos diferentes nas saias, sendo um liso e outro estampado. O chapéu ao estilo boneca (bonnet) dava lugar a chapéus pequenos, caídos sobre a testa ou penteados de cabelos presos. Um  tipo de jaqueta que formava uma sobre-saia foi muito usada.




Entre as décadas de 1870 e 1880, o bustle teve as mais diferentes formas. 
Durante um curto período entre 1878 e 1882, nenhum tipo de bustle foi usado e as costas dos vestidos eram mais retas, foi a era da "Silhueta Natural". A silhueta ainda cobria extremamente o corpo, mas agora, sem o bustle, as saias caíam em drapeados traseiros e longas caudas (mesmo de dia) e eram justas e estreitas na frente. Mangas longas (um pouco larguinhas) para o dia e decotes e braços de fora (com luvas) para a noite. Cabelos presos em coque com chapéu de dia e presos com cacheados enfeitados com flores à noite. Sempre caíam cachos de cabelos nas costas como que imitando a cauda da saia.



Em 1880, as mangas eram justas com um leve bufante nos ombros, a parte de cima do corpo podia ser enfeitada com babados cobrindo o ombro. A saia ficou com forma de trombeta, ainda com muito volume na parte de trás. O bustle reaparece em 1885 desta vez formando uma linha quase reta na parte de trás do quadril. Cores vibrantes permaneces e a mistura de dois tecidos é bem comum. A assimetria dos babados e drapeados também é característica. Chapéus pequenos em cabelos presos em coque.



 



Intelectuais e boêmios da época, incluindo Oscar Wilde abominavam essa moda. Algumas mulheres rebeldes, se recusavam a usar essas roupas e usavam trajes que seguiam a linha da moda, mas eram vestidos com leves referências medievais, mais soltos e sem espartilho rígido, eram os chamados  "vestidos artísticos". Repare nos vestidos artísticos abaixo como a cintura é menos rígida.




Os vestidos artísticos originaram os chamados "vestidos de chá", fluidos, usados ​​em casa, com a família ou para receber amigos próximos.




A moda dos bustles imensos acabou em 1889. 
Entre 1890 e 1900, as saias passaram a ter formato de sino caindo lisa pelos quadris, havia uma paixão por renda e muitas delas caiam pelos decotes; de dia as blusas tinham gola alta e  babados. Ainda nessa década, o espartilho alongou e fazia com que o corpo da mulher formasse uma silhueta em forma de S. Usavam luvas compridas à noite e leques imensos, as jóias eram extremamente coloridas. Havia exagero e ostentação em penas, pérolas, plissados, bordados, lantejoulas, rufos e outros ornamentos. Chapéus e flores adornavam as cabeças, usados com coques.  



A  década de 1890, foi uma década de mudança de valores, devido aos trajes esportivos estarem em voga, havia uma sensação de liberdade ainda que as roupas cotidianas fossem extravagantes. Abaixo, alguns trajes de 1900 a 1903.



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