Destaques

Mostrando postagens com marcador Década de 1940. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Década de 1940. Mostrar todas as postagens
terça-feira, 28 de maio de 2013

Pin-ups

Engana-se quem pensa que as Pin-ups se resumem às décadas de 1940 e 1950. As garotas de cartazes existem pelo menos desde o fim da Era Vitoriana e ilustraram pôsteres da Belle Époque e Era Eduardiana.

*Atenção: o texto a seguir é resultado de uma pesquisa autoral inédita em português até o momento de sua publicação. Se forem falar sobre as pin-ups dos século XIX e começo do XX nossa recomendação é linkar este artigo do blog como fonte consultada para evitar problemas com os direitos autorais. Este aviso é devido às recorrentes reproduções da pesquisa sem os créditos.

O termo "Pin-up" foi documentado pela primeira vez em 1941, mas já era usado, ao que se sabe, pelo menos desde 1890. O termo se refere a desenhos, pinturas, ilustrações e fotos de moças sexualmente atraentes em poses sensuais. Estas imagens eram reproduzidas em revistas, jornais, cartões postais, calendários, publicidades diversas etc, e visavam ser “penduradas” (em inglês, “pin-up”) em paredes. Elas também podem ser chamadas de cheesecake, termo deriva de uma determinada escola de arte usada nos últimos 100 anos onde o foco é a garota atraente e o fundo da foto pouco importa. O equivalente masculino é "beefcake".

No último trimestre do século XIX, a moralidade vitoriana começou a enfraquecer e pôsteres e cartazes com moças atraentes se tornaram bastante populares. O homem que pode ter inventado esse tipo de cartaz foi o artista parisiense Jules Chéret.
 

É difícil definir a origem das revistas Pin-up. As "Gibson Girl", de Charles Dana Gibson , embora não sejam consideradas de fato pin-ups, prenunciam as características do gênero, pois eram a personificação da ideal beleza americana, além de terem suas próprias histórias satíricas, foram tão populares que ilustravam temperos, cinzeiros, toalha de mesa, sombrinhas e etc do final do século XIX.
 


Outro possível criador das revistas pin-up é o francês Raphael Kirchner, seu trabalho trazia mulheres nuas ou em poses provocativas. 

Lá por 1890 a maioria dos artistas parisienses estavam fazendo cartazes, talvez o mais famoso de todos seja Toulouse-Lautrec, que inclusive fez o primeiro poster do Moulin Rouge.
 

Em 1894, a art noveau também tinha seus pôsteres sensuais.



Uma das mais famosas imagens Pin-up do começo do século XX, é a September Morning de 1912.



A grande "era das pin ups" foi entre os anos 30 e 50, época de artistas como George Petty, Alberto Vargas, Zoë Mozert, Earl Moran e Gil Elvgren.
 

Earl MacPherson fazia fotografia de modelos como referência ao seu trabalho de arte, algumas dessas fotos foram publicadas e durante os anos 40 e 50, as fotografias ao estilo pin up estiveram no auge. As modelos eram as típicas "vizinhas perfeitas" ou artistas de cinema, entre elas Marilyn Monroe cuja sessão fotográfica dela nua em um fundo de veludo vermelho estampou os primórdios da revista Playboy. Mas a modelo pin-up mais fotogafada dos anos 50 foi Bettie Page.

Atualmente, a idéia primordial de pin-ups como ilustração sensual está principalmente nos gibis. Citando apenas três  super heroínas bem populares: Vampirella, Ghost e  Lady Death, são sensuais, flertam com o observador e se vestem com roupas de apelo erótico. 

O texto foi escrito pela autora do blog de acordo pesquisas em livros de Moda lançados no Brasil e no exterior. Se forem usar para trabalhos ou sites, citem o blog como fonte. Leiam livros de Moda para mais informações e detalhes.
*Originalmente postado em meu outro blog, o Moda de Subculturas.

1947: O New Look Dior

Em 1947, o estilista Christian Dior cria uma das estéticas mais importantes da evolução da indumentária no século XX. Sua trajetória profissional, de apenas 10 anos, deixou um império poderoso até hoje.

Dior não gostava de sua época, era nostálgico dos anos de 1860 e da Belle Époque. A estética que ele criou exigia o retorno feminino aos valores tradicionais. A mulher  idealizada por Dior é propositalmente excluída das realidades práticas. Elitista, sua moda não é destinada às massas, e ainda assim conquistou donas de casa do mundo inteiro ávidas por seus modelos.

Christian Dior nasceu em 1905, era filho de burgueses e tinha talento para desenho, para criar fantasias e artes decorativas. Em 1938, se torna modelista de Robert Piguet e em seguida vai pra Maison de Lucien Lelong onde encontra o colega Pierre Balmain. Nessa época, ele já havia começado a realizar algumas transformações na silhueta feminina quando em 1946 é apresentado ao magnata dos tecidos Marcel Boussac, que, impressionado por sua determinação, decide financiar a maison com que sonha Christian Dior. A Maison vai ficar famosa em 1947, com a apresentação de sua primeira coleção.

Inspirado na estética de 1860, a primeira coleção de Dior tinha peças com cintura marcada, busto natural e saias rodadas longas. A editora de moda americana, Carmel Snow, ao ver a coleção, exclama a frase que dará nome ao estilo: "This is a new look!”.
No icônico “Bar Suit”, os seios eram naturais, ombros arredondados, a jaqueta justa acentuava a cintura de 45,5cm afinada com corset, a longa saia plissada em crepe de lã, acompanhava chapéu e saltos. Só no casaco foram usados  3,70 metros de seda shantung e na saia, 7,50 metros de tecido.


 

O New Look foi um sucesso, porém, como suas peças podiam usar de 10 a 25 metros de tecido numa época de recessão e racionamento pós guerra, diversos governos desaprovaram e desencorajavam o povo a usar roupas que desperdiçavam tecido. Mesmo assim, o New Look dominou o mundo por 10 anos, se tornando a característica padrão da moda dos vindouros anos 50.

Dior queria que as mulheres voltassem pra casa, que abandonassem o trabalho remunerado que tinham realizado durante a guerra. Sua moda exigia isso, já que as roupas de baixo eram firmes com uso de corsets, cintas, barbatanas, tule, anáguas e crinolinas. Havia estofamento extra sobre os quadris e busto para dar uma figura feminina suave e curvilínea, sapatos altos e pouco práticos e chapéus. 


Coleção de 1947:


As saias, volumosas deviam ser amplas e obrigatoriamente ser 40cm acima do chão. O daywear tinha vestidos formais para a tarde, vestidos cocktail, semi-noite e vestidos de noite curtos.  Os vestidos cocktail apareceram pela primeira vez nos anos 1920 e ganharam popularidade depois da guerra. Eles eram usados na início da noite ou em reuniões entre 18:00h e 20:00h, e podiam incluir crinolinas elaboradas que seriam esmagadas ao sentar.

Dior mede a altura da saia: 40cm acima do chão

Paralelamente, no fim de 1947, Dior inaugura uma filial de perfumes; logo depois abre em Nova York uma maison para vender o prét à porter de luxo que seriam versões de suas peças de alta costura. Na década de 40, o recém criado sistema de licenças revoluciona a estratégia econômica das marcas de prestígio e então, em 1948, o costureiro cria uma imensidão de produtos pra atingir o maior número de consumidoras. De meias à batons, passando por todos os acessórios de sua grife.

O vestido chamado de "Zémire” é um dos projetos históricos de Dior. Foi nomeado em homenagem a ópera de Grétry, realizada no palácio real de Fontainebleau em 1771.  Zémire fazia parte da coleção “Ligne H”. O modelo é de 1954.



Dior nomeou silhuetas de acordo com seus formatos: Y, H, A, trapézio e criou peças com volumes e assimetrias.
Abaixo, linha A, Y e H. Peça em linha trapézio da coleção de 1957 criada por Yves Saint Laurent.


 

Quando morre inesperadamente em 1957, Dior emprega mais de mil pessoas. Seu negócio ocupa cinco imóveis e somente a alta-costura tinha 28 ateliês. A mudança climática, social e ecomômica do fim dos anos 50, faz com que cada vez mais os ateliês sejam deixados de lados e as ruas se encham de lojas de roupas pret a porter (pronto pra vestir).



Fonte: A Roupa e a Moda; A Moda do Século XX.

1945 - 1946: Le Théâtre de La Mode

Em 1939, haviam setenta casas de alta costura registradas em Paris. O crescimento dessa indústria foi interrompido pela ocupação alemã durante a 2º Guerra. Hitler queria tirar a alta costura de Paris e mudá-la para Berlim, mas Lucien Lelong, presidente da Chambre Syndicale de la Couture Parisien, se opôs dizendo: "É Paris ou nada". Isso fez com que diversos estilistas fechassem suas casas durante a guerra ou se exilassem.
Após o fim da Guerra, em 1945, os dias eram difíceis, cinco milhões pessoas estavam na miséria, racionamentos e sacrifícios eram exigidos dos cidadãos franceses, porém, existia uma "esperança de recuperar o paraíso perdido". Robert Ricci, filho da estilista Nina Ricci, o Governo e a Câmara Sindical da Costura Parisiense promovem um grande evento. A renda dos ingressos iria ajudar os necessitados e faria com que as profissões envolvidas com a moda demonstrassem que ainda estavam ativas.
 

Então, entre 1945 e 1946, a exposição organizada no Museu do Louvre foi chamada de “Le Théâtre de La Mode” (O Teatro da  Moda); teve grande repercussão e apontou o destino da costura parisiense após a Segunda Guerra Mundial. A exposição tinha o apoio dos principais estilistas franceses, como Balenciaga, Balmain, Dior, Givenchy, Jacques Fath e demonstrou o quanto eles e o governo estavam decididos a reestabelecer a indústria da alta costura no pós guerra. EUA e inglaterra já haviam começado a criar suas próprias industrias de moda cada vez mais independentes de Paris.

No “Le Théâtre de Ia Mode”, bonecas de 70cm de altura estavam vestidas com as mais recentes criações dos grandes nomes do luxo parisiense que trabalharam com um mínimo de tecido. 


Cada look tinha roupas de baixo e acessórios diversos. Quanto aos acabamentos, eram idênticos aos das encomendas das mais exigentes clientelas. Cada microscópico botão abotoava, minúsculos sapatos de couro levam a grife dos grandes bottiers, jóias acompanham os penteados.


Os artesãos e estilistas receberam total liberdade para criar os cenários e as roupas como quisessem. Os treze cenários variavam de: casa de ópera, baile, cenas de manhã, tarde ou noite; cada um deles funcionando como um espetaculo autônomo. A variedade de roupas podia ser mostrada no ambiente correspondente. 

 

Haviam 237 bonecas. Cada casa de alta costura produziu de 1 a 5 looks que eram versões em miniatura da coleção de tamanho normal.  


Em 27 de março de 1945, a exposição deixa Paris inteira maravilhada. Mais de 200 mil pessoas visitaram o Théâtre. Uma grande soma de dinheiro foi arrecadada, reafirmando a existencia do luxo parisiense.
A esposição percorreu Barcelona, Copenhague, Estocolmo, Viena, Nova York. Em Londres, teve exibição privada para Sua Majestade a Rainha Elizabeth. As mulheres britânicas ainda estavam usando as típicas roupas roupas utilitárias e de aparência militar dos anos 40. O Teatro da Moda fez as casas de alta costura francesa prosperarem novamente.

No ano seguinte foi a vez do New Look de Christian Dior começar sua história de sucesso que influenciou toda uma geração.

O texto foi escrito pela autora do blog de acordo pesquisas em livros de Moda lançados no Brasil e no exterior. Se forem usar para trabalhos ou sites, citem o blog como fonte. Leiam livros de Moda para mais informações e detalhes.

Fontes:  Texto: Livros: A Roupa e a Moda; A Moda do Século XX.
Imagens: Livro: Le Théâtre de la Mode.

*Originalmente postado em meu outro blog, o Moda de Subculturas.

© .História da Moda. – Tema desenvolvido com por Iunique - Temas.in