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terça-feira, 14 de junho de 2016

A Moda Feminina de 1863 a 1903



http://picnicvitoriano.blogspot.com.br/2013/10/a-moda-feminina-de-1863-1903.html



Década de 1860
A década de 1860 viu a decadência da crinolina na moda feminina e a silhueta se tornado menor. Em 1863, o formato da saia era reto na frente e projetado para trás numa forma elíptica, mangas  amplas e o pescoço enfeitado com golas altas em renda ou outro tecido delicado. Essa era a roupa do dia. A roupa da noite tinha golas mais baixas e mangas curtas usadas com luvas curtas de renda ou luvas de tecido sem dedos e as saias possuíam maiores crinolinas que as saias de uso diurno. Era comum um tecido de mesma estampa ser usado para dois vestidos, um para o dia, outro para a noite. Pequenos chapéus e flores enfeitavam os cabelos.

Trajes de 1864, crinolina de forma elíptica


Entre 1864 e 1867 a forma da crinolina começou a mudar. As mulheres tanto usavam a crinolina elíptica quanto a crinolette, uma peça que tinha frente e os lados pequenos e volume na parte de trás, mas com amplitude bem menor que a crinolina.




Foi nessa época surgiram também um tipo de calças folgadas ao estilo turco, chamadas de “bloomers” inventado pela ativista Amélia Bloomer Jenks, no entanto, a peça foi ridicularizada e acabou sendo adaptada para as meninas e para educação física feminina.


Lá por 1867 uma nova silhueta surge, apoiada desta vez pelo Bustle. O bustle dava volume nas saias na parte central de trás, o que fez com que os tecidos em excesso e os enfeites fossem transferidas para aquela região da saia. Em 1870, a moda eram vestidos em cores vibrantes, usando tecidos diferentes nas saias, sendo um liso e outro estampado. O chapéu ao estilo boneca (bonnet) dava lugar a chapéus pequenos, caídos sobre a testa ou penteados de cabelos presos. Um  tipo de jaqueta que formava uma sobre-saia foi muito usada.




Entre as décadas de 1870 e 1880, o bustle teve as mais diferentes formas. 
Durante um curto período entre 1878 e 1882, nenhum tipo de bustle foi usado e as costas dos vestidos eram mais retas, foi a era da "Silhueta Natural". A silhueta ainda cobria extremamente o corpo, mas agora, sem o bustle, as saias caíam em drapeados traseiros e longas caudas (mesmo de dia) e eram justas e estreitas na frente. Mangas longas (um pouco larguinhas) para o dia e decotes e braços de fora (com luvas) para a noite. Cabelos presos em coque com chapéu de dia e presos com cacheados enfeitados com flores à noite. Sempre caíam cachos de cabelos nas costas como que imitando a cauda da saia.



Em 1880, as mangas eram justas com um leve bufante nos ombros, a parte de cima do corpo podia ser enfeitada com babados cobrindo o ombro. A saia ficou com forma de trombeta, ainda com muito volume na parte de trás. O bustle reaparece em 1885 desta vez formando uma linha quase reta na parte de trás do quadril. Cores vibrantes permaneces e a mistura de dois tecidos é bem comum. A assimetria dos babados e drapeados também é característica. Chapéus pequenos em cabelos presos em coque.



 



Intelectuais e boêmios da época, incluindo Oscar Wilde abominavam essa moda. Algumas mulheres rebeldes, se recusavam a usar essas roupas e usavam trajes que seguiam a linha da moda, mas eram vestidos com leves referências medievais, mais soltos e sem espartilho rígido, eram os chamados  "vestidos artísticos". Repare nos vestidos artísticos abaixo como a cintura é menos rígida.




Os vestidos artísticos originaram os chamados "vestidos de chá", fluidos, usados ​​em casa, com a família ou para receber amigos próximos.




A moda dos bustles imensos acabou em 1889. 
Entre 1890 e 1900, as saias passaram a ter formato de sino caindo lisa pelos quadris, havia uma paixão por renda e muitas delas caiam pelos decotes; de dia as blusas tinham gola alta e  babados. Ainda nessa década, o espartilho alongou e fazia com que o corpo da mulher formasse uma silhueta em forma de S. Usavam luvas compridas à noite e leques imensos, as jóias eram extremamente coloridas. Havia exagero e ostentação em penas, pérolas, plissados, bordados, lantejoulas, rufos e outros ornamentos. Chapéus e flores adornavam as cabeças, usados com coques.  



A  década de 1890, foi uma década de mudança de valores, devido aos trajes esportivos estarem em voga, havia uma sensação de liberdade ainda que as roupas cotidianas fossem extravagantes. Abaixo, alguns trajes de 1900 a 1903.



terça-feira, 5 de maio de 2015

Breve História do Parc Royal: um Magazine na Belle Époque Carioca

A Belle Époque carioca foi o período em que a cidade do Rio de Janeiro passou por grandes transformações urbanísticas que buscavam transformá-la na "Paris dos Trópicos". 

Foto de Augusto Malta

Entre os anos de 1873 e 1943 existiu no Rio de Janeiro uma loja de departamentos chamada Parc Royal, fundada pelo português José Vasco Ramalho Ortigão. Era localizada na  rua do Ouvidor, no Largo São Francisco. Tinha roupa masculina, feminina, infantil além de tecidos e artigos para a casa, tudo dividido em 32 seções de venda e diversas dependências para uso dos fregueses, com preços competitivos, era  um  local  onde  se  poderia  encontrar o que  havia  de  melhor, acompanhando a evolução da moda e dos hábitos da elite.

Foto de Augusto Malta
 

Au  Parc Royal  foi  inaugurado  em  1873  no  Largo  de  São  Francisco, começando como um pequeno armarinho no prédio nº 122 e logo expandiu-se para  os  prédios  adjacentes, com o sucesso, em 1911, a loja se transferiu  sua  sede  para  a Rua do Ouvidor, passando a ocupar um quarteirão inteiro.

Inauguração da nova loja

A Rua do Ouvidor foi o grande polo de moda do Rio de Janeiro daquela época e o sucesso da Parc Royal se dava em parte por eles importarem as novidades direto de Paris (mas também vendia vestidos de anquinha costurados por escravas). Seu auge foi entre as décadas de 1910 e 1920 - essa é a época foco do livro lançado em 2013 "Parc Royal: um magazine na belle époque carioca".

A autora faz paralelos entre o magazine e outras questões, como a transformação de uma cidade colonial para um Rio moderno e afrancesado que adotava padrões europeus de civilidade. Além do papel da mulher na sociedade carioca e as transformações na indumentária que aconteceram com o tempo, a cultura das aparências e do uso de campanhas publicitárias com lições de etiqueta e onde a beleza e a elegância da mulher era retratada como uma força soberana diante do homem.

 
 

Antes dos grandes magazines, a moda chegava ao Brasil pela revista francesa “La Mode Illustrée”, a loja de departamentos pioneira no RJ, foi a Notre Dame de Paris, inaugurada em 1848, mas não teve tanta expressão quanto o Parc Royal. Este tipo de comércio transformavam roupas e acessórios em objetos de desejo e o vestir em símbolo de transgressão feminina.

O magazine acompanhou o desenvolvimento e o progresso da cidade do Rio. Foi o primeiro estabelecimento carioca a ter uma escada rolante instalada, haviam ventiladores no teto para maior comodidade dos clientes, tecnologias modernas para uma população estava ávida por novidades. Parc Royal  foi precursora também do sistema de preços fixos. A cliente via o preço na vitrine e sabia que ao entrar na loja o mesmo não seria modificado, além de distribuir catálogos onde se podia se fazer encomendas que seriam enviadas direto de sua filial em Paris.

 

Comprar no Parc Royal era um passaporte para a demonstração de uma posição social superior. Elegância, distinção, beleza e novidade eram palavras repetidas à exaustão. Os anúncios tinham um caráter didático: mostravam o que era certo ou errado ao vestir, sempre baseados em normas estritas.  Algumas publicidades eram verdadeiros manuais de etiqueta e civilidade.

"Por meio das fotos e dos anúncios, percebe-se que o magazine era bem elitista. Por outro lado, como uma loja de departamentos, o Parc Royal fazia questão de se apresentar como democratizador de elegância, como se fosse capaz de levar um estilo de vida a uma parcela maior da população, que poderia ascender socialmente justamente através do consumo."  Marissa Gorberg

 
 

"Enormes chapéus cheios de plumas, vestidos de baile, casacos e estolas de pele, luvas, leques e sombrinhas estavam entre os produtos trazidos diretamente de Paris para as mulheres. Para os homens, os ternos “Palm Beach”, sucesso do verão na época, ceroulas francesas de pura lã, gravatas de seda, binóculos de madrepérola da marca francesa Lemaire, “casacos para automóvel”. A moda também exigia elegância nos banhos de mar: o rol de peças incluía costumes de tafetá de seda e cetim impermeáveis, capas de felpo, alpaca e cetim, além de, vejam só, sapatos de banho." Marissa Gorberg

 
 

Além das lojas do Largo de São Francisco e da Avenida Central (hoje Rio Branco), o Parc Royal tinha filiais em Juiz de Fora e Belo Horizonte e um escritório em Paris, que fazia a remessa das mercadorias importadas.
A loja funcionou por 70 anos até que em 9 de julho de 1943, pegou fogo, em um dos maiores incêndios da história do centro do Rio. As chamas foram tão fortes que o prédio desabou. Triste fim para uma incrível história de um dos magazines mais importantes da história da moda nacional.

 


Entrevistas com Marissa Gorberg:

Marissa Gorberg e a história do Parc Royal - Menorah na TV 

e Programa Todo Seu - Entrevista: Parc Royal, um Magazine na Belle Époque Carioca (29/04/14)

sábado, 7 de setembro de 2013

Historicismo na Moda: Segunda Metade do Século XIX e Começo do Século XX (Parte 2)

O historicismo permanece influenciando a moda na terça parte do século XIX. As épocas usadas como referência permanecem praticamente as mesmas das décadas anteriores: antiguidade, renascimento, barroco e rococó, porém, em novas roupagens e silhuetas. Damas da corte, mulheres que desempenharam papeis importantes tanto na sociedade quanto na moda, como Mary Stuart, Marguerite de Valois, Maria Antonieta, Marquesa de Pompadour, Françoise Athénaïs entre outras, foram usadas como referência.


Século XVI 
A rica história do século XVI e início do século XVII, cheio eventos dramáticos, gerou uma enorme quantidade de romances históricos no século XIX. A referência permanece, como observamos abaixo principalmente nas mangas bufantes e nas golas grandes e rufos, como a gola Médici. 
A "gola Médici" era uma gola grande, decorativa que pegava os lados e a parte de trás da cabeça de uma mulher. Os rufos em golas altas também tiveram sua releitura no século XIX. Observem as semelhanças das golas em cada um dos quadros:


Alternadamente, imagens do século XVI e século XIX
Século XVI e século XIX (segunda e terceira imagens)
Século XVI e Século XIX
Século XVI (duas primeiras) e século XIX


No século XIX, capas eram muito populares, elas tanto podiam ter influência das capas barrocas quanto das capas renascentistas, abaixo, encontrei duas capas super semelhantes com diferença de três séculos entre elas. A da esquerda é de 1560 e a da direita, Mantle de 1888, desenhada por Charles Fredrick Worth.

Similaridade entre chapéus:


Século XVI e Século XIX (duas últimas)


Louis XIV  
O estilo Louis XIV no século XIX é principalmente uma renda exuberante emoldurando golas e punhos. As mangas dos trajes à direita também exibem características barrocas.




Louis XV
Quando falamos da influência da era de Louis XV na moda do século XIX, temos a Marquesa de Pompadour como referência. Observem nas imagens abaixo a cooptação no século XIX do estilo de penteado da marquesa. E no quadro a seguir temos a marquesa em um vestido dourado e dois vestidos do século XIX com claras referências às rendas, babados e ao formato do corpete e dos decotes usados na Era Rococó.


O fichu do século XVIII (uma peça que é como um lenço amarrado nos ombros), também teve seu revival no século XIX.


Um elemento da moda masculina rococó foi apreciado pelas mulheres do século XIX: o jabô!



Antiguidade/Primeiro Império 
Na virada do séculos XIX e XX o ciclo  se fecha.
Se o século XIX começou com a moda Império, que era inspirada na antiguidade clássica, no começo do século XX foi a própria moda Império que influenciou a moda. É como se as mocinhas da época quisessem usar roupas semelhantes às que suas bisavós usaram.
Esse "retorno" à antiguidade começou lentamente lá pela década de 1880, quando o traje feminino vai se tornando mais confortável e funcional, os vestidos caem suavemente ao redor do corpo e podem ser usados sem espartilho - os chamados "vestidos de chá". 

Na colagem que fiz abaixo, com scans de páginas de dois livros, vemos a influência grega nas vestimentas femininas dos anos de 1880 à 1909. Na terceira imagem da foto abaixo, tirada do livro Victorian Fashions & Costumes from Harper's Bazar 1867 - 1898 temos a página 129, onde a autora descreve: "este gracioso vestido neogrego combina características clássicas com requisitos da moda moderna. É composto de cashmere azul pálido drapeado, enfeitado com bordados de ouro. O corpete azul tem mangas transparentes (...) colar e braceletes etruscos que são reproduções feitas pelo Professor Schlemann (...) no cabelo, tranças gregas."



Fotografias que vão de 1908 a 1912.

Abaixo: vestidos de 1810 e 1892

No quadro abaixo temos na seguinte ordem, vestidos do: começo de 1800; vestido de chá do fim do século XIX; vestido de 1804 e vestido de 1909.


Referências de pesquisa:
História do Vestuário no Ocidente, François Boucher 
Victorian Fashions and Costumes from Harpers Bazar 1867-1898, de Stella Blum
Victorian and Edwardian Fashions from "La Mode Illustrée", de JoAnne Ollan
http://www.fashionencyclopedia.com/ 
http://sketchesoflife.livejournal.com 

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