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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Vestido Feminino da Era Império (molde)

Há uns dois anos atrás disponibilizei em meu blog sobre Moda Alternativa o molde de um vestido da era Império e vou repostá-lo aqui porque o Picnic Vitoriano SP divulgou seu calendário de eventos para 2014 e o único evento com dresscode mais restrito que eles fazem é Chá das Cinco que acontece no fim do ano. O Chá terá como tema o período do Império Napoleônico
Durante todo este ano postarei sobre a moda desta época para auxiliar os que querem participar do evento.
A moda feminina da Era Império é bastante adequada ao nosso clima e os vestidos são bem simples (post sobre a época). Eles eram muito finos, leves e as mulheres usavam nos pés sapatilha ao estilo bailarina. Sombrinhas, longas luvas, leques e bonnets eram os acessórios.
  • Estes são dois exemplos de vestidos femininos da época:

Abaixo, uma scan da página de um livro que apresenta um molde muito semelhante aos dos vestidos acima.
* Fico devendo o nome do livro, eu peguei a imagem no google books há algum tempo e esqueci de salvar o nome. Mas assim que eu identificar atualizo aqui.

Eu gosto deste molde, porque tem as medidas junto aos desenhos. Fiz umas anotações em roxo indicando de que parte da roupa é cada molde.
Podem observar que é muito simples. As roupas desta época são das mais fáceis de se fazer. Se vocês não sabem modelar, levarem a imagem pra uma modelista ou uma boa costureira, ela provavelmente vai saber reproduzir no seu tamanho. As medidas estão em inches, tudo o que vocês precisam fazer é converter inches para centímetro. Cada inche equivale a 2,54cm. Assim, onde diz 6" (inches): 6x2,54= 15,24cm.
Se você quer tentar fazer a modelagem, não esqueça que depois pode ser necessário fazer pequenos ajustes nas medidas (adequando à seu corpo).

 




quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O que é e como fazer hip-pads de 1770-1795 (molde)

Hoje vou ensinar a fazer um molde do que é chamado de hip pad (ou hip rolls) destinado à dar suporte às roupas informais do século XVIII. 
O hip pad nada mais é que duas almofadinhas acolchoadas presas nas laterais dos quadris. Eles eram de tecido (algodão, linho) e enchidos com cortiça, lã, retalhos ou crina.
Hip pads remanescentes são raros, na minha rápida pesquisa encontrei apenas uma imagem de um que está no Museu de Belas Artes de Boston, feito de algodão ou lã e recheado com lascas de madeira e com tiras de lã. As medidas dele são 5.6 x 14 x 26 cm.

Quando falamos em moda feminina do século XVIII, logo nos vem à mente os paniers que davam volume lateral aos quadris. Apesar destas formas extremas serem características da época, no fim do século, com a popularização dos estilos campestres e informais da moda inglesa na França (lembram do meu robe a l'anglaise?), é possível observar uma variedade absurda de formatos e volumes de saia a partir de 1770 conseguidas através de hip e bum-pads colocados estratégicamente nos quadris. A silhueta da época ganhou circularidade, embora ainda houvessem paniers para os trajes formais. Essa silhueta arredondada no quadril permaneceu até meados de 1790, quando iniciou-se a Era Diretório.

Eu considero os hip pads super úteis pra quem quer fazer um figurino informal, campestre ou matutino do século XVIII. Acredito que em certos casos não é necessário a pessoa usar métodos autênticos de suporte para as saias, especialmente se for pra um trabalho de releitura ou num evento revivalista em que usará o traje apenas uma vez. O que é essencial, a meu ver, é conseguir a silhueta adequada e ter um conhecimento básico sobre a época da roupa.

O hip pad que ensinarei o molde agora pode ser usado como suporte de saias do período de 1770 - 1790. Abaixo, algumas obras de Michel Garnier em que se pode supor que as moças usavam hip-pads. Reparem que todas as cenas são informais e caseiras. Estas obras se situam entre fins da década de 1780 e começo de 1790. Clique pra aumentar.


*O molde está desenhado no papel quadriculado apenas pra mostrar pra vocês o passo a passo. O meu molde já foi feito meses atrás e eu simplesmente não me liguei de fotografar o processo! Então façam os seus em papel craft, jornal ou outro papel que usam pra molde.

Molde:
1. Meça com a fita métrica apenas a metade lateral de seu corpo num ponto um pouco abaixo da cintura e divida este valor pela metade. Chame de medida X (a minha deu 17,5).

2. Estude o traje que quer replicar e estime o comprimento (parte que "sai pra fora") do hip pad (eu usei 16cm). Adicione 6cm
à medida e chame de medida Y (a minha deu 22cm).

3. Use a medida Y como vertical e a X como horizontal e risque um retângulo.


4. Da letra Y, desça 6cm na linha e marque a letra A. Risque uma linha reta para auxiliar na futura curva que faremos aí.


5. No topo direito do retângulo coloque a letra B. Faça uma curva suave ligando A - B (com régua curva ou à mão livre).



6. Usando a medida X (a minha era 17,5), meça na linha A-B esta medida (usando fita métrica ou uma régua flexível) e marque a letra C.


7. Faça uma curva suave ligando C - D encostando nas bordas do retângulo.

Esqueci de escrever a letra D no papel; é à esquerda, na linha do X ;-)


8. Está pronto!
Lembrando que este é metade do molde, para o molde todo, basta carretilhar a linha do pad, desdobrar o papel e traçar do outro lado. Assim o molde fica inteiro e basta riscar no tecido. Não esqueça de quando passar pro tecido
adicionar 2cm para costura.


Você pode ver dois tracinhos no molde, é a parte que você deve deixar aberta pra poder colocar o enchimento. Depois de encher, basta costurar a abertura.

Enchimento:
Pode ser retalho, lã, esponja de almofada... eu usei manta acrílica.
Existe manta acrílica já cortada em pedacinhos mas eu comprei por metro (é mais barata), rasguei pedaços e fui enchendo...


As tiras de amarração você que decide qual o melhor comprimento pra amarrar em torno de seu corpo. Fiz com o próprio algodão cru.


Não deu pra eu tirar fotos usando os meus, mas no blog The Pragmatic Costumer tem um post com a moça usando. Ela os fez para um vestido colonial. Link abaixo das fotos.
crédito das fotos: http://thepragmaticcostumer.wordpress.com/2013/08/19/commercial-colonial-undergarments-supporting-a-slightly-more-historical-simplicity-3723-part-3/

Até a próxima! ^-^

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Como fazer um Bustle (molde + dica).

Fiz esse post pensando nos eventos revivalistas que acontecem no Brasil. O Chá de 2013 do Picnic Vitoriano SP será sob o tema vitoriano e é muito comum as pessoas não saberem como fazer a underwear da época, tão necessária pra dar a silhueta correta. 
Dada a facilidade que é confeccionar um bustle, a questão de que há algumas pessoas interessadas em fazer um e o fato de que não encontrei nenhum tutorial em português, decidi oferecer um molde histórico e dar uma dica acessível ao bolso. 
Na verdade essa "dica" dá pra  fazer todo tipo de armação de saia, desde farthingale, pannier, crinolina...
A dica é: mangueira de plástico. Isso mesmo! Muita gente desiste de fazer armações de saia porque não consegue a fita de aço. Então, não desistam, usem técnicas alternativas!

Bustle e traje da década de 1870

Fiz esse bustle exclusivamente pra mostrar a técnica pra vocês.

Molde Histórico:
O molde é especificamente do ano de 1874.
A Era Vitoriana teve duas fases do bustle. A primeira foi na década de 1870 eles eram amarrados na cintura e tinham um caimento suave. 
A foto abaixo, com o molde, é ampliável. Nela vocês podem ver as medidas que usei no bustle, basta reproduzir em papel craft, jornal ou outro papel que você tenha à disposição para fazer molde.

Medidas:
Aba lateral: 80cm de altura; 19cm topo; 8cm na barra; faça leve curva vertical na altura do quadril.

Pano central: é colocado dentro do bustle protegendo-o de seu quadril e pernas e segurando a forma. Muitos bustles não tem esse pano, tem apenas amarrações em tirinhas. Altura 80cm; topo 9cm com descida central de 1,5cm; barra 20cm

Bustle: Altura: 80 cm. Anca: 12cm no topo (cintura) com leve subida central de 2,5cm; 45 cm na extremidade inferior (barra). Ligue por uma linha reta. Distância entre os aros: 7,5cm no primeiro e 14,5 cm nos seguintes. Faça, no segundo arco, uma linha levemente curva (será colocado mangueira/fita de aço aí também. É o local que "segura" a anca pra cima).

Não esqueça que o molde é metade e deve ser cortado duplo!

Clique ou abra em outra aba pra ampliar

Transfira o molde pro tecido - com todos os riscos dos aros. O tecido pode ser qualquer um que você tiver. Como este é um tutorial barato, eu sugeriria tricoline, sarja ou algodão cru. Tecidos naturais pra pele respirar embaixo. Não esquecendo de cortar uma tira pra amarrar ele cintura e tiras de viés com as medidas dos aros da anca.

Aqui entra a mangueira de plástico. Que deve ser encaixada nos aros seguras pelas tiras de viés. 
Nem todo mundo acha fácil ou consegue comprar metros e metros de fita de aço para investir em underwear de época. Vá na loja de ferragem de sua cidade e compre a mangueira mais rígida que tiver. Aquelas de gás costumam ser as mais duras de todas mas eu optei por uma mangueira transparente, chamada cristal. Esqueci de contar certinho mas usei em torno de 5metros, então, comprem mais do que isso.


A desvantagem da mangueira
Bom, não é fita de aço então é bem possível - e provável - que com o tempo seu bustle ou crinolina, vá entortando ou "desabando" se você colocar muito peso em cima ou largar no armário de qualquer jeito. Mesmo as mangueiras sendo rígidas, elas vão deformar um pouco sim, é inevitável. Mas assim que você estiver apta a comprar as fitas de aço, basta fazer a substituição.


Resultado final: 
Perdoem-me se as fotos não estão com qualidade, eu estava sozinha e tive que me virar com a máquina no automático, o que não foi nada bunito! Assim que der pretendo mudar as fotos pra umas de qualidade melhor. Mas se vocês entenderem a idéia, já tá valendo!

Como meu traje vitoriano ainda está sendo feito (mas não será de 1874), usei uma saia preta, neutra e longa pra mostrar o resultado final. 
Na segunda foto, joguei a saia por cima. A saia é moderna e justinha no quadril, o ideal é usar uma saia mais solta em cima, com pregas (como era na época) pra que não ocorra um achatamento, já que qualquer força contrária pode deformar a mangueira.
Ainda observando a foto com a saia por cima, vejam que a silhueta ficou muito próxima da de 1874. O que falta pra incrementar o volume traseiro são os babados e pregas na saia - como era na época - para aumentar ainda mais a ilusão de volume.

* Tem modelos de bustle com babadinhos na barra, como fiz esse na rapidez, não fiz os babadinhos. 

A saliência das mangueiras é mais visível (na primeira foto da montagem abaixo) do que seria se fossem tiras de aço. Por isso, é interessante que a pessoa use por cima uma anágua (número 1), pra disfarçar as mangueiras. Se não puder, faça uma meia-saia de babados de tule/filó e jogue por cima, já disfarça bastante - recomendo que seja com maior quantidade de tule do que a ilustrada abaixo (número 2).


Esta dica de bustle feito com mangueira não é pra quem é historicamente purista e quer fazer tudo igualzinho como nos antigamentes. Esta é apenas uma dica barata e rápida de fazer uma armação de saia de época para uma roupa que você vai usar uma ou duas vezes e não quer gastar muito.
Não criem empecilhos na hora de criar trajes, improvisem, usem a criatividade. O importante é se divertir!

* Como o molde acima é de 1874, se você quiser usá-lo para um traje da segunda era do bustle (1880s), basta vesti-lo mais na altura do quadril e/ou fazê-lo com uma medida maior horizontalmente no topo da anca. Se desejar, pode acrescentar também uma almofadinha no topo para enfatizar a forma de "lobster tail" característica daquela década.

sábado, 7 de setembro de 2013

Robe a L'Anglaise, Parte 2: Referências e Finalização

Antes de mostrar o resultado final de meu Robe a L'Anglaise, senti a necessidade de escrever um pouco sobre meus primeiros contatos com a criação de trajes e sobre as imagens que usei como referência.

Durante a faculdade de Moda, tive aulas de história da moda, modelagem/moulage e de figurino. Na primeira aprendi os contextos históricos, tipos de roupas e nomenclaturas. Nas aulas de Moulage aprendíamos a fazer moldes sob medida e por fim, nas aulas de figurino tínhamos de pôr a mão na massa!
O projeto de finalização do semestre de figurino foi a sala recriar esta roupa da  Isabella de Medici. Portanto, foi nas aulas de figurino que aprendi algumas coisas importantes para criar um traje, coisas que pra quem não é da área de Moda podem parecer difíceis de assimilar e colocar numa ordem de procedimento e de importância. Precisamos notar primeiro a silhueta da época escolhida para saber que tipo de underwear deve ser usada, depois disso precisamos ver os tecidos - na nossa recriação da Isabella de Medici foram comprados 8 metros veludo negro, foi uma zoação na sala de aula mexer naquele tecidão! A seguir, é necessário notar os acessórios para que o traje fique "assimilável" à época. No caso desse nosso trabalho de conclusão de figurino, não íamos fazer uma releitura e sim, tentar ao máximo se aproximar do traje do quadro, como uma réplica. A grande vantagem é que figurino é criatividade! Então ao invés de, por exemplo, usar cana pra fazer um farthingale, podíamos usar mangueiras de plástico e assim vai...
E foi alguns meses atrás consultando meu material das aulas de figurino, lendo alguns livros e reproduzindo os moldes de meus livros de moldes históricos que acumulei alguns conhecimentos para fazer meu Robe a L'Anglaise.

Época, silhueta e tipo de roupa escolhida:
A primeira coisa que fiz, como já contei aqui, foi escolher o Robe a L'Anglaise como peça a ser confeccionada. O robe a  l'anglaise era um traje que tinha a intenção de ser simples, para ser usado no cotidiano. O traje ficou em voga de aproximadamente 1750 a 1790, sendo que em cada época ele teve leves modificações e diferentes tipos de armação de saia. Os vestidos ingleses eram de algodão - ao contrário dos cetins e sedas dos robes franceses. 

Traje:
Busquei em obras de arte, livros e na internet muitas imagens de robes a l'anglaise até encontrar alguns que pareciam bem "facinhos" e escolhê-los como imagens de referência. Os mais "fáceis" pegam mais ou menos 1770 - 1790.
Como era meu primeiro traje histórico, optei por comprar um tecido liso, sem estampas.
Saí  à caça de um tecido de cor lisa, roxo. Meu robe ia ser roxo com rendas brancas. Eu havia decidido fazer um robe como se usava na França, em cetim ou tafetá. Então, parti pras lojas de tecido com duas folhas de sulfite com as imagens de referencia abaixo:



E então, tudo mudou...
Ao chegar numa loja, vi um tecido que me fez cair o queixo devido à semelhança com o de uma das imagens que eu tinha salvo no meu notebook. Só que a imagem era um robe inglês, em algodão. A partir daí bateu aquela dúvida: "E agora? Faço um robe à l'anglaise inglês ou francês?". Quase tive um surto de dúvida porque o robe roxo já estava na minha mente há uma semana.
Voltei pra casa sem tecido nenhum. Fui no notebook e imprimi  as imagens do robe de algodão e dias depois voltei à loja de tecido e com o tecido na mão e a referência na outra, disse pra vendedora: "É este! Quero 4 metros e meio!" Decidi que se era pra ser um robe a l'anglaise, ele seria ao modo original inglês: em algodão!


Este foi o robe que usei como referência pra meu traje. 
Abaixo, ele em duas versões: com anágua do mesmo tecido do vestido (e neckerchief) 
e com anágua branca (ou beginha?).

 
  
 Impressionante não? Mais de 200 anos depois, estampas que 
seguem a mesma idéia de design! 
A da direita é a que comprei, um algodão mais fino e com estampa mais miúda que o tecido antigo.


Um pouco do do processo:
Uma das características do robe a l'anglaise é este recorte na parte de trás do corpete e a saia em pregas.


Vocês podem reparar no molde que eu fiz, que marquei todas as preguinhas da saia.
Abaixo, algumas fotos. Não reparem que como o algodão é um tecido natural, ele amassa mesmo!

Pregas da saia do vestido


Me lembrei de tirar foto do molde do corpete cortado, mas esqueci de fotografar as mangas!



Detalhe das pregas na cava. No molde e depois de pronto.


Optei por ao invés de renda no punho, fazer este recorte seguindo o molde original.


                        Aqui o vestido quase pronto, faltando alguns acabamentos.
 

Fiz também um chapéuzinho! Queria que a copa ficasse bem baixinha, mas não foi desta vez! 


Peça finalizada
A anágua bege que estou usando não é a anágua verdadeira do traje. Eu esqueci a anágua de tricoline na minha outra casa. Tendo duas casas em dois Estados diferentes fica difícil pra carregar tudo pra lá e pra cá e tirar fotos. E foi isso mesmo que aconteceu, no ir e vir esqueci de trazer a anágua que é parte do traje, a anágua que verão nas fotos abaixo é uma anágua que fiz de teste para um panier. Mas ao menos vocês podem ter uma idéia do resultado final do vestido. E o sapato também pretendo encapá-lo com o tecido do vestido ou num outro tecido caindo pros tons da estampa.

Robe de Inspiração...

Meu Robe: na primeira foto, uso um necherchief branco ao redor dos ombros; na foto das costas, reparem que o vestido é um pouquinho mais longo atrás. Como esse robe é de inspiração do fim do século XVIII (1780-1790) a armação da saia é bem simples, usei um rump. Vocês vão notar uma diferença no caimento entre o robe acima (histórico) e o meu. É que meu tecido é bem mais fino que o tecido original por isso, cai mais leve.

Ah e eu prometo fazer um post sobre a história do Robe a L'Anglaise no século XVIII  ;-D
   
Considerações Finais
Este traje teve alguns erros que considero toleráveis por ser meu primeiro traje histórico.
Consegui riscar um Molde Histórico então o vestido tem praticamente um molde original de época.
Semelhança dos tecidos: assumi um risco de criar um traje com estampa "moderna".
Preciso melhorar a parte de trás. Queria que tivesse ficado um pouco mais "bicudo". Isso não foi defeito no molde, fui eu quem errou a mão na hora de costurar.
Como comentei no post anterior, tive um pouco de dificuldade nas medidas do corpete. Tive que adaptá-lo às minhas medidas e acho que ele ficou um pouco curto e justo em algumas áreas. Também queria que tivesse ficado com o decote mais profundo.
Foi a primeira vez que fiz um traje de época pra mim e não pra um manequim! E fiz sozinha, sem a ajuda dos colegas de sala de aula de figurino. Então agora me sinto bem mais motivada em fazer outros. Fazer moldes é uma coisa (já consegui fazer vários moldes de época) mas fazer o molde virar roupa é outra coisa, exige tempo e dedicação.


sexta-feira, 26 de julho de 2013

Robe a L'Anglaise, Parte1: Molde

Este ano comecei a tentar reproduzir moldes históricos baseados em alguns livros que tenho. Já havia feito alguns pads e um rufo curto mas não tinha ainda pegado um traje histórico e decifrado o molde dele.
Minha intenção é, além de fazer moldes históricos, tentar costurar os trajes também, mas não como reproduções e sim como réplicas (vejam a diferença neste post) para participar de eventos revivalistas no Brasil, como os do Picnic Vitoriano SP e o Picnic Vitoriano Curitiba - cujos sites sou colaboradora.

A primeira coisa que fiz foi pensar qual a época mais fácil de se tentar reproduzir um molde histórico. Imediatamente me veio à mente vestidos da Era Medieval (como o kirtle)e a Era Império. Mas eu queria um desafio, queria um molde que me fizesse quebrar a cabeça - mas não tanto! rsrsrs!
Minhas opções se reduziram à 3 épocas que considero que tem os moldes dos vestidos mais "fáceis" e com alguma semelhança entre eles: a Era Barroca, o fim da Era Rococó (inspirado na roupa campal inglesa) e o Early Victorian. Descartei o barroco inicialmente mas deixei a possibilidade aberta. A seguir, descartei o Early Victorian por causa da crinolina - não ia ter como eu fazer uma sem a barbatana de aço (flat). Acabei ficando com o fim da Era Rococó e o modelo escolhido foi um Robe a L'Anglaise. O certo era eu fazer um post explicando o que é um robe a l'anglaise, mas garanto que a falta deste post não vai atrapalhar o entendimento desta postagem.

O que contou pontos à favor de eu fazer o molde do robe a l'anglaise foi o fato de a underwear usada com ele ser fácil e de muitas possibilidades e também que ele é uma peça com a intenção de ser simples, uma peça inspirada na informalidade da moda campal inglesa. Os vestidos ingleses eram de algodão - ao contrário dos cetins e sedas da moda francesa. Então esse robe é inspirado no robe original inglês e não no francês. Como algodão é um tecido muito fácil de achar e barato (eu ia precisar de mais de 4m), o Robe a L'Anglaise foi a peça escolhida para ser meu primeiro molde histórico.

Minha intenção era postar um passo a passo de eu fazendo o molde, mas que disse que eu lembro de fotografar? Eu não lembro de tirar fotos quando estou concentrado numa atividade empolgante. E acho até mesmo que pausar toda hora pra fotografar atrapalharia esta primeira tentativa.

Molde: foi retirado do livro Patterns of Fashion1: Englishwomen's Dresses & Their Construction C. 1660-1860  da Janet Arnold. Como o nome diz, o livro foca em moldes da moda inglesesa.
Idéia: Minha ideia não era fazer exatamente o mesmo vestido ilustrado no livro. Então, da imagem da página do livro ilustrada abaixo, o corpete do meu vestido não tem essa amarração frontal aparente e nem o collar (gola bertha).



Escaneei a página do molde do vestido e imprimi para não ter que ficar pra lá e pra com o livro e principalmente riscando ele. Sim, porque continhas de modelagem e conversão de medidas tiveram que ser feitas e as fiz no próprio scan até mesmo pra no futuro eu consultar caso esqueça de algo.
É complicado falar de medidas fixas quando se fala em moldes históricos, na França, por exemplo, as medidas variavam de acordo com a largura do tecido, que mudava de tempos em tempos. É complicado também, isso eu percebi depois do molde pronto, adaptar o molde à seu corpo! 
Se você usar o molde com as medidas exatas do livro, talvez não se adeque à seu corpo porque a gente sabe que cada época tem um tipo de corpo "padrão". E o meu corpo não tem padrão histórico, meu corpo se encaixa mais em corpos da era vintage, da década de 1920 ou 1960.
Demorei um dia pra riscar a saia e outro dia pra riscar o corpete. Usei um pouco mais de 2m de papel craft na saia. Ou seja, é um molde gigante e que tive que riscar no chão porque na mesa não dava!

O gigantesco molde da saia no chão, assim como o molde do corpete e da manga. Os tracinhos no topo da saia são as pregas e a direção em que devem ser dobradas.



Detalhe: a fita métrica mostra que o molde da saia chega a praticamente 2m de largura. 
E isso é só a metade! Sim! Moldes são feitos na metade, o que significa
que apenas na saia vai originalmente 4m de tecido.

Depois do molde pronto, eu que sou pequena, percebi que ia sobrar tecido e faltar corpo! Então, tomei a decisão de diminuir um pouco a largura da lateral da saia, o que acho que não afetou em nada a "historicidade" da peça, afinal, é uma réplica e não tem a obrigação de ter medidas históricas exatas.
Os trajes de referência, escolha do tecido, o molde transferido pro tecido e a evolução da costura peça fica pra um outro post. ;D

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