Introdução
A Era Medieval, foi um período da História Européia que durou do século IV ao século XV.
Os historiadores atuais dividem a Idade Média em três partes: Idade Média Inicial (476-1000), Alta Idade Média (1000-1300) e Idade Média Tardia (1300 – 1453). No século XIX, a Idade Média inteira era comumente chamada de “Dark Ages”.
As
postagens sobre a Indumentária Medieval aqui do blog estão divididas em três
partes que não tem a ver com as reais divisões históricas do período. As
divisões foram feitas baseadas em mudanças significativas na vestimenta do
período. A postagem da Parte 1 abrange a Indumentária dos anos 400 a 1200; a
Parte dois abrange o Early Gothic (Gótico Inicial): 1200 a 1350 e a
Parte 3, o Late Gothic (Gótico Tardio): 1350 a 1450.
Idade Média – Anos 1200 a 1350
Referências visuais dessa época são pinturas, iluminuras, o belíssimo Codex Manesse
que foi produzido (copiado e pintado) entre 1305 e 1340 em Zurique,
Alemanha. Também há uma longa tira de linho conhecida como tapeçaria Bayeux, bordada pela Rainha Matilda e suas damas que é um rico exemplo de como era a vida e as vestimentas na Era Medieval.
O Codex Manesse representa 140 poetas e é ricamente ilustrado


Entre 1200-1300
(sec.XIII), as cidades e a classe próspera de comerciantes estavam
crescendo. Era época das primeiras catedrais de arquitetua gótica e o
início da Inquisição (1231).
A produção de tecidos se tornou mais
fácil através da invenção da roda de fiar em 1290 e do tear horizontal,
que aumentou qualidade de tecidos e aumentou produção em cerca de dez
vezes mais. Houve um grande progresso no tingimento de lã, que era o
material mais importante para uso externo. Para os ricos, a cor era
muito importante. O azul foi introduzido pela primeira vez e tornou-se
moda, sendo adotado pelos reis da França, como sua cor heráldica. Aliás,
virou hábito as mulheres da nobreza se vestirem com cores de suas
famílias. As roupas das classes altas e baixas distinguiam-se pela
qualidade superior dos tecidos (sedas). E, as sedas tornaram as roupas
mais atraentes.
Curiosidades: É do ano de 1300 a primeira menção ao uso de óculos e em 1307-1321 é lançado o poema Divina Comédia, de Dante.
A Moda de vestir-se com cores das Heráldicas:
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Roupa Multicolorida |
Neste
século, os homens usavam túnicas lisas, de tamanhos variados e mangas
justas, sobreveste e um casaco curto e justo. Debaixo das túnicas
vestiam o Brial, uma roupa interior que chegava até aos joelhos. As meias (chausses)
se aperfeiçoaram, agora eram ligadas à parte superior do traje,
cobrindo não apenas as pernas mas também a parte inferior do tronco. As
calças em lã, linho ou seda, eram normalmente elaboradas com tecidos
listrados ou com cores vivas. A moda eram roupas multicoloridas feitas
de dois tecidos contrastantes, um de cada lado, o que foi especialmente
popular na Corte Inglesa. Os cabelos eram encaracolados caídos sobre as
orelhas. Nos pés, sapatos ou botas de pontas pontiagudas.


A
túnica longa e unissex usada há séculos foi substituída por um traje
feminino como um vestido longo, ajustado e decotado, fechados por
cordões. As mangas também eram justas e abotoadas do cotovelo ao punho.
As sobrevestes tornaram-se populares. Não se sabe se as mulheres na Idade Média usarem roupa intima.
Grandes
laços com botões eram usados para prender tecidos e embelezar bainhas,
golas e punhos da túnica; porém o buraco para entrar o botão só foi
inventado no Renascimento.
Os cabelos podiam ser soltos ou
repartidos no meio enfeitados com fitas, grinalda de flores, diademas
com pedras preciosas, coroas ou tiaras. Podiam fazer longas tranças
aumentadas com cabelos falsos ou de pessoas mortas. As mulheres casadas
usavam véu sobre os cabelos; as matronas usavam uma touca de linho
cobria a garganta (e muitas vezes o queixo), e era usada sob o véu.
Os
camponeses, tinham roupas básicas, simples e funcionais comumente nas
cores cinza ou marrom. Os sapatos eram de pano pois couro era muito caro
e muitas vezes andavam descalços enquanto trabalhavam.
No século XIV,
a Europa viveu o início de uma Pequena Era do Gelo e a lã era o
material mais importante para o vestuário. O comércio de têxteis
continuou a crescer ao longo do século, mas as roupas eram muito caras, e
mesmo os empregados dos ricos recebiam apenas uma roupa por ano como
parte de sua remuneração. A seda ainda era o melhor tecido, um luxo
importado e caro, vindo da Itália, dos Otomanos ou da China. A moda era
um indicador de riqueza e status.
Os
homens começaram a usar um manto ou xale longo, largo e sem mangas
aberto dos lados, e um sobretudo comprido e largo com mangas longas e
amplas.
As
roupas ganharam muitos enfeites e acessórios, como botões e cintos
ornamentados com pedrarias. O homem possuía visual mais exuberante do
que a mulher. Na França, entre os jovens cortesãos, a roupa caiu no
ridículo e extravagante, sendo tão curtas e tão apertadas que era
necessário a ajuda de duas pessoas para vestir e despi-los.
Os cabelos eram curtos podendo-se usar barba terminada em ponta. Na cabeça capirotes (barrete ou gorro em forma de crista), chapéu cônico, cilíndrico ou chaperon de
abas acolchoadas e uma tira de tecido caindo até os ombros. Os sapatos
eram feitos de couro e tinham inúmeros estilos ou então usavam botas
fechadas com fivelas que cobriam a perna até ao joelho. Os calçados
terminavam em uma ponta fina e longa na frente.
Capirote e chaperon


Os
vestidos femininos do século XIV, eram simples e elegantes. A túnica,
reta nos ombros tinha a saia larga, drapeada e com cauda. Lá por 1350, o
corpete externo foi inventado, sendo que ele e a saia (costurandos
juntos) podiam ser um de cada cor. As vestes eram fechadas com cordões
na frente, do lado e a raramente nas costas. A sobreveste era feita de
tecido mais valioso e tinha mangas mais curtas. As mangas eram justas
até o cotovelo e a parte e trás caía até os joelhos. O casaco contornava
as formas do corpo e o manto curto chegava até o busto, feito de pele
no inverno e de seda no verão.
A
moda de usar cabelos falsos continuou, eles eram divididos ao meio e
levantados sobre as orelhas formando um caracol e presos com redes (crespine).
Neste século, era impressionante a variedade de enfeites de cabeça que
se tornaram mais elaborados ainda nos anos seguintes. Os calçados eram
iguais aos masculinos: pontudos.
Na
Espanha, a roupa feminina tinha cores vivas como vermelho, azul, rosa,
violeta e verde-mar. Os sapatos eram enfeitados com bordados e debruns
dourados. As espanholas não usavam adorno de cabeça até o final do
século XIV, e sim um lenço preso por uma faixa e cabelos soltos ou
presos com pérolas. As damas espanholas achavam elegante usar unhas num
comprimento que hoje seria considerado absurdo.
Apenas algumas das variedades de enfeites de cabeça:
Em
1348 veio a peste negra que matou um terço da população Européia. Quem
sobreviveu, prosperou, tornou-se rico em um curto espaço de tempo.
Mostrar a riqueza adquirida entrou em jogo, uma dos modos foi o consumo
exagerado de tecidos. Mas isso é assunto para postagem da Parte 3 da Indumentária na Era Medieval.
O
texto foi escrito pela autora do blog de acordo com pesquisas em livros
de Moda lançados no Brasil e no exterior. Se forem usar o texto na
íntegra para trabalhos ou sites, citem o blog como fonte. Leiam livros
de Moda para mais informações e detalhes.
*Originalmente postado em meu outro blog, o Moda de Subculturas.