Destaques

Mostrando postagens com marcador Idade Média. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Idade Média. Mostrar todas as postagens
sábado, 24 de maio de 2014

Analisando Quadro: A Caçada na Corte de Filipe o bom (século XV) - Os Vestidos Disfarçados

Hoje vamos analisar as roupas do quadro "A Caçada na Corte de Filipe o bom" de cerca de 1442.

Observem a pintura, por que todos estão de branco?


A resposta é extremamente simples: porque a cor branca foi um tema imposto para a festa!
Mas não se trata só disso.

Essa obra nos mostra os chamados "Vestidos Disfarçados" ou robes deguisées.

Os robes deguisées eram trajes que destoavam do padrão de moda vigente (por isso "disfarçados"). No quadro, as roupas são anteriores às roupas usadas na década de 1442 [veja como era a moda deste século aqui]. Se repararem, as roupas recebem referências que variam de de pouco mais 20 à 100 anos antes [aqui]. Os homens usam batas curtas com pregas abauladas. Há mantos inspirados na moda italiana. Vários deles usam chopines.

No centro, a duquesa tem um manto acolchoado de arminho. Como outras moças, seu penteado tem enchimentos postiços trabalhados, coberto com uma coifa de rede e miçangas. Várias outras mulheres usam capelo sobre redes. No centro, uma moça usa o capelo clássico fechado com um alfinete logo abaixo do queixo.



Repare numa mulher, no segundo plano, à esquerda. Ela usa luvas vermelhas e gola alta, ambas algo bem raro na época. Outras mulheres também usam um cinto alto, trabalhado.

Aproveito a deixa pra que seja observada outra coisa: repararam que apenas uma mulher à esquerda do quadro, na frente, levanta a cauda do vestido?

As mulheres da classe alta medieval e renascentista usavam vestidos com longas caudas, era uma forma de mostrar riqueza em tecidos ou enfeites suntuosos, o que servia pra as diferenciar das classes inferiores. Pois bem, estas mulheres eram ensinadas a andar desde muito novinhas com saias excessivamente longas e eram capazes de levar coisas, subir escadas e fazer as atividades diárias sem nunca levantar suas saias.
Já as mulheres de classe baixa, normalmente trabalhavam, e longas caudas atrapalhariam suas atividades, por isso as saias das classes mais baixas eram mais curtas e não tinham caudas. 
O fato da moça em questão estar levantando a cauda do vestido, é algo muito incomum (já que não há uma saia de baixo adornada pra ser mostrada) e pode ser uma alusão ao pregnancy look.

Não é interessante encontrar uma festa medieval cujo tema revivia de forma misturada moda de entre 20 e 100 anos antes?

Fonte: História do Vestuário no Ocidente, François Boucher.

domingo, 26 de maio de 2013

A Descoberta de Roupas de Baixo da Era Medieval Tardia

A História da Moda se baseia em registros que sobraram das épocas passadas, sejam artísticos, textuais ou peças de roupas originais. Soma-se a isso, o fato de que a área textil é uma das mais difíceis da arqueologia pelo simples fato de que roupas não são fáceis de preservar. Então, cada nova descoberta arqueológica envolvendo Moda é celebrada, e a história pode ser até mesmo reescrita.

Nesta semana, após mais de um ano da divulgação de um pré-relatório, foi trazido ao grande público a notícia de que uma "calcinha" e um "sutiã" datados do século XV foram encontrados nos porões de um castelo da Áustria durante a restauração do mesmo. Até então, as calcinhas mais recentes datam do século XVIII e os sutiãs como os conhecemos hoje tem cerca de 100 anos, embora na Era Império já houvessem predecessores.
A sala onde foi encontrada as peças estava selada desde o 1485 e o ar seco preservou algumas peças de couro (principalmente sapatos) e roupas, algumas quase completas, como vestidos, camisas e calças.

Houve um certo sensacionalismo em alguns sites que publicaram a matéria com o título de "A Calcinha e Sutiã mais antigos do mundo", visto que estas peças do Late Medieval ainda estão sendo estudadas. Houveram peças para sustentar o busto e cobrir a virilha por muitas eras da história. Homens e mulheres usaram roupa de baixo (underwear) como chemises, corpetes, calções ou tangas de variados modelos, eles só não eram tão semelhantes aos dos dias de hoje como os das fotos abaixo.


Outras hipóteses sobre as peças:

O top poderia não ser um sutiã, mas uma roupa de baixo semelhante à um corpete (reparem como a peça se estende para a cintura) onde uma saia poderia ser costurada em sua barra. Reparem também que na lateral há alguns buracos para amarrações. Nessa época os vestidos de baixo podiam ter amarrações laterais ou traseiras para as roupas ficarem bem justas ao corpo. Vale lembrar que no Early Medieval surgiram os primeiros corpetes.

Outra hipótese levantada é que este seria um conjunto para usar durante os dias da menstruação. Observem qua na parte de trás da calcinha existe apenas uma (ou duas) camada de linho e na frente umas 7 camadas bem desgastadas. Porque 7 camadas na parte da frente? 
Há poucos estudos sobre a história da menstruação, mas sabe-se que desde as civilizações pré-cristãs, as mulheres já usavam tampões como os que existem hoje e "absorventes" feitos com diversas camadas de tecido que eram lavados e reutilizados.

Parece meio impossível para nós mulheres, crer que nunca antes houveram sutiãs ou calcinhas, mas infelizmente o tempo não é amigo das roupas. E mais curioso ainda é o fato de existirem imagens mostrando que as mulheres da civilização minóica (3000 a.C.) já usavam peças semelhantes à biquinis para praticar esportes!

Agora nos resta esperar e aguardar pra ver se estas peças são realmente calcinha e sutiã revolucionários; um conjunto para o período menstrual ou um recém descoberto novo estilo de roupa de baixo medieval!

*Originalmente postado em meu outro blog, o Moda de Subculturas.

A Indumentária Medieval – Parte 3: Anos 1350 a 1450 (Late Gothic)

Introdução


A Era Medieval, foi um período da História Européia que durou do século IV ao século XV. Os historiadores atuais dividem a Idade Média em três partes: Idade Média Inicial (476-1000), Alta Idade Média (1000-1300) e Idade Média Tardia (1300 – 1453). No século XIX, a Idade Média inteira era comumente chamada de “Dark Ages”.

As postagens sobre a Indumentária Medieval aqui do blog estão divididas em três partes que não tem a ver com as reais divisões históricas do período. As divisões foram feitas baseadas em mudanças significativas na vestimenta da época. A postagem da Parte 1 abrange a Indumentária dos anos 400 a 1200; a Parte dois abrange o Early Gothic (Gótico Inicial): 1200 a 1350 e a Parte 3, o Late Gothic (Gótico Tardio): 1350 a 1450.


Idade Média – Anos 1350 a 1450


Entre os anos de 1348 a 1350, a peste negra matou um terço da população Européia. Durante a peste era comum entre as mulheres o "Pregnancy Look" (estilo gravidez), elas vestiam um travesseiro sob a roupa para simular estarem sadias a ponto de carregarem um bebê no ventre. Quem sobreviveu à peste prosperou, tornou-se rico em um curto espaço de tempo. Mostrar a riqueza adquirida entrou em jogo através da extravagância no vestir. Foi nessa época, na segunda metade do século XIV, que surgiram os primeiros sinais do que chamamos hoje de “moda”.
Homens usando Gibão, Jaquette e beca

Na Indumentária masculina, o gibão (um tipo de casaco abotoado na frente), era de vários tipos de tecidos, em geral couro ou algum pano grosseiro de boa qualidade. Nunca tinha ornamentos ou bordados e passou a ser acolchoado para realçar o peito. Tinha mangas bufantes, gola alta e dava a impressão de cintura fina. A peça encurtou tanto a ponto de ser considerado indecente e exigir o uso do codpiece, uma aba (como um tapa sexo estofado) que cobria a frente dos calções masculinos e também guardava pertences. Por cima do gibão, podia-se usar a jaquette, que tinha formato de túnica era justada com cinto ou cordão na cintura e podia ser decorada nos decotes ou punho com pele. Também tinha uma túnica decorada, de comprimento médio. Entre 1380 e 1450 surgiu a beca: justa no ombro, mangas amplas e compridas, solta e longa, usada com um cinto na cintura era vista em todas as classes sociais, por ser uma peça funcional. Eram comuns mangas tipo saco nos casacos.


Traje Italiano
A indumentária italiana era igual à inglesa, francesa e alemã, porém o requinte dos tecidos era maior e lá os casacos justos e curtos (acima do quadril) exibiam uma espécie de saia pregueada enfeitada por um cinto ou fivela.


Filipe, o Bom.
Lá por 1450, na Borgonha, viu-se o que parece ter sido a primeira ocorrência da moda masculina em vestir-se todo de preto, posteriormente conhecido como o estilo "espanhol" (meados do século XVII), a moda da roupa preta foi iniciada pelo duque francês Filipe, o Bom.

Os chapéus masculinos tinham várias formas e cores e eram feitos de diversos materiais.


Cabelo Medieval
Os cabelos eram curtos ao estilo pajem ou compridos e encaracolados podendo ter uma franja. Cabelos loiros eram populares e no final do século, o cabelo na altura dos ombros tornou-se moda. Não se usava barba, se usassem, eram pontudas acompanhadas de um pequeno bigode.

 Desde 1380, os sapatos era muito pontudos (poulaines), as pontas chegaram a até 30 cm de comprimento, sendo a sola de madeira para poder manter a ponta sem estragar ou perder a forma. Esse tipo de sapato durou até a era Tudor.  Tal fato provocou uma revolução na moda que abordarei numa futura postagem sobre a “Parte 2” da  Moda Renascentista.




As roupas femininas do século XIV não sofreram grandes modificações,  uma mudança significativa foi o uso da beca, que era acinturada próxima ao busto formando uma cintura alta e tendo uma plenitude sobre a barriga. Essa sobreveste por vezes usava uma quantidade incrível de tecido no corpo e arrastando pelo chão.

Os decotes ainda eram baixos podendo ser em V na parte da frente e de trás; as caudas dos vestidos eram longas, as saias largas. Devido ao fato de as vestes de baixo femininas poderem ser fechadas com cordões a peça podia ficar bem justa no corpo, as mangas justas e longas chegavam ao peito da mão, as mangas da sobreveste por vezes se arrastavam no chão. A capa elaborada, em ocasiões especiais podia se passar por vestido pelas mulheres de classe alta. Já as mulheres de classe média preferiam roupas simples com bom corte e boas cores. As mangas podiam ser pendentes, longas, em forma de asa ou do tipo saco. O "pregnancy look" era bem comum. Os sapatos eram de bico longo e finos como o dos homens.

Numa era de arquitetura gótica, onde altas torres se erguiam em direção ao céu, não era diferente no vestuário. Se as vestimentas femininas eram simples, seus adornos de cabeça se tornaram cada vez mais altos e exagerados.  Havia inúmeras formas de enfeites de cabeça e  uma imensa variedade de penteados elaborados e fantásticos que duraram até o fim do século XV. Era comum os cabelos serem penteados para trás, escondidos em redes. No final de 1400, os fios que cresciam na testa e nas sobrancelhas eram raspados para que o chapéu fosse a atração principal.
Os cabelos divididos ao meio e torcidos na lateral do rosto eram guardados na crespine (rede de cabelo) que tinha estrutura de arame e era usada nas laterais do rosto e adquiriu uma forma cilíndrica ou esférica, com uma forma pontiaguda de aparência de chifres. Esse adorno corniforme surgiu por volta de 1410 e sobre essa estrutura prendia-se o véu. 

 

Havia um adorno espetacular chamado “borboleta”: uma estrutura presa a um pequeno chapéu que escondia os cabelos, servia de apoio a um véu diáfano com forma de asas de borboleta. A moda foi popular até 1485. Tinha também o adorno em forma de coração, onde o véu era usado como enfeite.

Adorno "Borboleta":



Adorno "Coração":


 

Mas foi o Hénnin (ou campanário),  que conhecemos hoje como chapéu de bruxa ou de fada que atingiu proporções extremas. Ele surgiu na década de 1400. Era na forma de cone pontudo (70, 80 ou 90 cm) em seda ou veludo com um véu preso na parte mais alta. Com o auxílio de vários arranjos de arame o véu era disposto na parte superior do cone e às vezes caía até o chão. Havia também o modelo de dois cones, um de cada lado da cebeça. O hénnin logo evoluiu para uma exibição de status pois o tempo de preparação elaborada, bem como a maneira lenta e deliberada da mulher andar só poderia ser mantida pelos ricos com tempo ocioso.

Hénnin de cone ou pré-hennin:



Hénnin no auge das proporções:


 

A maquiagem na Idade Média:
As mulheres usavam sanguessugas para deixar a pele pálida; diz-se que faziam uma mistura de cal, sulfureto de arsênico, ungüentos feitos de cinza de ouriço, sangue de morcego, asas de abelha, mercúrio e baba de lesma para depilar e remover os pêlos indesejáveis; para clarear o cabelo misturavam diferentes ingredientes como fezes de lagartos verdes no óleo de noz e enxofre; para colorir os lábios usavam açafrão; para escurecer os cílios usavam fuligem; sálvia para embranquecer os dentes; clara de ovo e vinagre para aveludar a pele; rosas secas, especiarias e vinagre faziam perfumes; vários tons de lápis de olho e sombras foram vistos na Idade Média.


O retrato pintado por Jan Van Eyck, “O Casal Arnolfini” de 1435, mostra o rico comerciante Giovanni Arnolfini  e sua esposa Giovanna Cenami, vestidos à moda da época. O homem veste casaco de veludo, camisa preta acolchoada com bordado de ouro nos punhos, meias pretas cobrem suas as pernas. O chapéu indica sua riqueza. No canto inferior esquerdo, um sapato poulaine. A esposa usa uma sobreveste de lã verde com mangas tipo saco e debrum em pele na cor creme e cintura muito alta. Ela não está grávida. Esse é o famoso “pregnancy look”, comum nesse século, que simula uma gravidez mostrando como ela pode ser fértil para o marido numa época em que a expectativa de vida era baixa e as crianças morriam ainda pequenas. Mostrar gordura na parte de baixo do quadril também insinuava mais chances de sobreviver numa época em que muitos passavam fome. A veste de baixo tem a cor azul. Ela também tem os cabelos da testa raspada e usa um crespine com um véu em fino linho.
Algumas curiosidades desse século são: o surgimento da xilogravura; a invenção da imprensa (prensa usada pra imprimir jornais); a descoberta da América e a reforma Luterana.
Como vimos nessas três postagens, a Idade Média abrange um tempo longo na história da humanidade. Começou com a queda do Império Romano e acabou com o início de um tempo de descobertas: o Renascimento.

A Indumentária na Era Medieval – Parte 1: Anos 400 – 1200
A Indumentária na Era Medieval - Parte 2: Anos 1200 a 1350 (Early Gothic)

O texto foi escrito pela autora do blog de acordo com pesquisas em livros de Moda lançados no Brasil e no exterior. Se forem usar o texto na íntegra para trabalhos ou sites, citem o blog como fonte. Leiam livros de Moda para mais informações e detalhes. A pesquisa de imagem e texto da autora foi os livros: História do Vestuário, A Roupa e a Moda, A Idade Média: O Nascimento do Ocidente. 

*Originalmente postado em meu outro blog, o Moda de Subculturas.

A Indumentária na Era Medieval – Parte 2: Anos 1200 a 1350 (Early Gothic)

Introdução

A Era Medieval, foi um período da História Européia que durou do século IV ao século XV. 
Os historiadores atuais dividem a Idade Média em três partes: Idade Média Inicial (476-1000), Alta Idade Média (1000-1300) e Idade Média Tardia (1300 – 1453). No século XIX, a Idade Média inteira era comumente chamada de “Dark Ages”.

As postagens sobre a Indumentária Medieval aqui do blog estão divididas em três partes que não tem a ver com as reais divisões históricas do período. As divisões foram feitas baseadas em mudanças significativas na vestimenta do período.  A postagem da Parte 1 abrange a Indumentária dos anos 400 a 1200; a Parte dois abrange o Early Gothic (Gótico Inicial): 1200 a 1350 e a Parte 3, o Late Gothic (Gótico Tardio): 1350 a 1450.

Idade Média – Anos 1200 a 1350

Referências visuais dessa época são pinturas, iluminuras, o belíssimo Codex Manesse que foi produzido (copiado e pintado) entre 1305 e 1340 em Zurique, Alemanha. Também há uma longa tira de linho conhecida como tapeçaria Bayeux, bordada pela Rainha Matilda e suas damas que é um rico exemplo de como era a vida e as vestimentas na Era Medieval.

 O Codex Manesse  representa 140 poetas e é ricamente ilustrado
 

Entre 1200-1300 (sec.XIII), as cidades e a classe próspera de comerciantes estavam crescendo. Era época das primeiras catedrais de arquitetua gótica e o início da Inquisição (1231).
A produção de tecidos se tornou mais fácil através da invenção da roda de fiar em 1290 e do tear horizontal, que aumentou qualidade de tecidos e aumentou produção em cerca de dez vezes mais. Houve um grande progresso no tingimento de lã, que era o material mais importante para uso externo. Para os ricos, a cor era muito importante. O azul foi introduzido pela primeira vez e tornou-se moda, sendo adotado pelos reis da França, como sua cor heráldica. Aliás, virou hábito as mulheres da nobreza se vestirem com cores de suas famílias. As roupas das classes altas e baixas distinguiam-se pela qualidade superior dos tecidos (sedas). E, as sedas tornaram as roupas mais atraentes.
Curiosidades: É do ano de 1300 a primeira menção ao uso de óculos e em 1307-1321 é lançado o poema Divina Comédia, de Dante.

A Moda de vestir-se com cores das Heráldicas:

Roupa Multicolorida
Neste século, os homens usavam túnicas lisas, de tamanhos variados e mangas justas, sobreveste e um casaco curto e justo. Debaixo das túnicas vestiam o Brial, uma roupa interior que chegava até aos joelhos. As meias (chausses) se aperfeiçoaram, agora eram ligadas à parte superior do traje, cobrindo não apenas as pernas mas também a parte inferior do tronco.  As calças em lã, linho ou seda, eram normalmente elaboradas com tecidos listrados ou com cores vivas. A moda eram roupas multicoloridas feitas de dois tecidos contrastantes, um de cada lado, o que foi especialmente popular na Corte Inglesa.  Os cabelos eram encaracolados caídos sobre as orelhas. Nos pés, sapatos ou botas de pontas pontiagudas.

A túnica longa e unissex usada há séculos foi substituída por um traje feminino como um vestido longo, ajustado e decotado, fechados por cordões. As mangas também eram justas e abotoadas do cotovelo ao punho. As sobrevestes tornaram-se populares. Não se sabe se as mulheres na Idade Média usarem roupa intima.

Grandes laços com botões eram usados para prender tecidos e embelezar bainhas, golas e punhos da túnica; porém o buraco para entrar o botão só foi inventado no Renascimento.
Os cabelos podiam ser soltos ou repartidos no meio enfeitados com fitas, grinalda de flores, diademas com pedras preciosas, coroas ou tiaras. Podiam fazer longas tranças aumentadas com cabelos falsos ou de pessoas mortas. As mulheres casadas usavam véu sobre os cabelos; as matronas usavam uma touca de linho cobria a garganta (e muitas vezes o queixo), e era usada sob o véu.
Os camponeses, tinham roupas básicas, simples e funcionais comumente nas cores cinza ou marrom. Os sapatos eram de pano pois couro era muito caro e muitas vezes andavam descalços enquanto trabalhavam.

No século XIV, a Europa viveu o início de uma Pequena Era do Gelo e a lã era o material mais importante para o vestuário. O comércio de têxteis continuou a crescer ao longo do século, mas as roupas eram muito caras, e mesmo os empregados dos ricos recebiam apenas uma roupa por ano como parte de sua remuneração. A seda ainda era o melhor tecido, um luxo importado e caro, vindo da Itália, dos Otomanos ou da China. A moda era um indicador de riqueza e status.
Os homens começaram a usar um manto ou xale longo, largo e sem mangas aberto dos lados, e um sobretudo comprido e largo com mangas longas e amplas.
As roupas ganharam muitos enfeites e acessórios, como botões e cintos ornamentados com pedrarias. O homem possuía visual mais exuberante do que a mulher. Na França, entre os jovens cortesãos, a roupa caiu no ridículo e extravagante, sendo tão curtas e tão apertadas que era necessário a ajuda de duas pessoas para vestir e despi-los.
Os cabelos eram curtos podendo-se usar barba terminada em ponta. Na cabeça capirotes (barrete ou gorro em forma de crista), chapéu cônico, cilíndrico ou chaperon de abas acolchoadas e uma tira de tecido caindo até os ombros. Os sapatos eram feitos de couro e tinham inúmeros estilos ou então usavam botas fechadas com fivelas que cobriam a perna até ao joelho. Os calçados terminavam em uma ponta fina e longa na frente.  



Capirote e chaperon
 

Os vestidos femininos do século XIV, eram simples e elegantes. A túnica, reta nos ombros tinha a saia larga, drapeada e com cauda.  Lá por 1350, o corpete externo foi inventado, sendo que ele  e a saia (costurandos juntos) podiam ser um de cada cor. As vestes eram fechadas com cordões na frente, do lado e a raramente nas costas. A sobreveste era feita de tecido mais valioso e tinha mangas mais curtas. As mangas eram justas até o cotovelo e a parte e trás caía até os joelhos. O casaco contornava as formas do corpo e o manto curto chegava até o busto, feito de pele no inverno e de seda no verão. 

A moda de usar cabelos falsos continuou, eles eram divididos ao meio e levantados sobre as orelhas formando um caracol e presos com redes (crespine). Neste século, era impressionante a variedade de enfeites de cabeça que se tornaram mais elaborados ainda nos anos seguintes. Os calçados eram iguais aos masculinos: pontudos. 
Na Espanha, a roupa feminina tinha cores vivas como vermelho, azul, rosa, violeta e verde-mar. Os sapatos eram enfeitados com bordados  e debruns dourados. As espanholas não usavam adorno de cabeça até o final do século XIV, e sim um lenço preso por uma faixa e cabelos soltos ou presos com pérolas. As damas espanholas achavam elegante usar unhas num comprimento que hoje seria considerado absurdo.

Apenas algumas das variedades de enfeites de cabeça: 

Em 1348 veio a peste negra que matou um terço da população Européia. Quem sobreviveu, prosperou, tornou-se rico em um curto espaço de tempo. Mostrar a riqueza adquirida entrou em jogo, uma dos modos foi o consumo exagerado de tecidos. Mas isso é assunto para postagem da Parte 3 da Indumentária na Era Medieval.


O texto foi escrito pela autora do blog de acordo com pesquisas em livros de Moda lançados no Brasil e no exterior. Se forem usar o texto na íntegra para trabalhos ou sites, citem o blog como fonte. Leiam livros de Moda para mais informações e detalhes.

*Originalmente postado em meu outro blog, o Moda de Subculturas.

© .História da Moda. – Tema desenvolvido com por Iunique - Temas.in