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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Os 50 anos da minissaia!

*Estou reproduzindo aqui no blog este artigo em homenagem aos 50 anos da mini saia. Ele foi originalmente escrito para o blog Moda de Subculturas, onde também citei a mini saia sendo usada pela cena alternativa. Aqui, coloco imagens históricas adicionais. Vamos lá!

Por alguns ela (ainda) é considerada vulgar, indecente e deselegante. Mas o fato é que ela já se tornou um clássico da Moda. Uma peça de roupa que incomoda tanto só poderia mesmo ter nascido e se firmado entre os rebeldes: a mini saia! Nós, que já nascemos acostumadas à elas, talvez não imaginemos o quanto as minis foram revolucionárias.

Uma breve história
Após a segunda guerra mundial, a chamada geração Baby Boomer vivia numa Londres de efervescência cultural e de mudanças de costumes. O rock n' roll, a psicodelia, a pop art e os hippies eram alguns dos movimentos que surgiam. A jovem inglesa Mary Quant (que completou 80 anos em 2014) é considerada a criadora* da mini saia. Mary era fã do carro "Mini" e por isso a saia recebeu este nome. Desde os anos 1960, devido à Swinging London, Londres é considerada a capital da cultura pop e da moda para o mundo todo!
* o francês André Courrèges, inventor do vestido trapézio, também é considerado um pioneiro da mini saia. Em 1965 ele lançou a "Mod Collection". Yves Saint Laurent e Pierre Cardin também fizeram coleções com a mini na mesma época.
Mary Quant diz que foram as próprias garotas de King's Road que inventaram a peça, que era fácil de vestir, simples e juvenil. Você poderia se mover livremente, pular e correr atrás do ônibus. Mary diz que apenas começou a fazer a barra na altura que as garotas queriam: bem curtas!

Mary Quant nos anos 60 e atualmente


 Mary Quant iniciou a produção em massa de seus modelos de saias e vestidos curtos.


Naquela época, havia todo este espírito libertário no ar, as mulheres revelaram seus joelhos e coxas pela primeira vez, o que foi visto como um sinal de rebeldia e emancipação.



Twiggy, modelo símbolo da Swinging London, viva com minis! O corpo magro entrou em voga para as mulheres da época para contrastar com os corpos rechonchudos de suas mães e avós. Um rompimento com as gerações anteriores consideradas antiquadas. Uma nova geração, novos hábitos, novo corpo!



Coco Chanel, uma mulher que em sua juventude foi à frente de seu tempo, quem diria, não aprovava as minis! Atualmente, a marca Chanel tem Karl Lagerfeld como diretor artístico desde 1983, e ele é um especialista em saias curtas. Karl cutuca, dizendo que Chanel, aos 80 anos, estava fora de moda e não entendia os anseios da nova geração! Outros dizem que ela não gostava de ver jovens no comando da Moda da época...


A Revolução
Antes da mini saia, a roupa era usada para esconder as mulheres de "apetites" masculinos, só que tais roupas não eram práticas e dificultavam os movimentos. A mini vinha como uma opção rápida e prática de se vestir, tornando a moda  mais divertida e decretando a morte da austeridade convencional.



Símbolo do feminismo da época, a mini saia, era uma forma de se rebelar, de reivindicar a sensualidade e a sexualidade. Isso, é claro, desagradava os pais das garotas que as proibiam de usá-la Mas não tinha jeito, elas simplesmente pegavam seus vestidos e os cortavam!
A mini era algo tão novo que quando a peça  chegou aos Estados Unidos não havia um mercado pronto para recebe-la, mesmo assim, a juventude americana estava igualmente fascinada e ansiosa pela liberdade, buscando roupas menos rigorosas e uma elegância ousada.


A saia chegou a ser proibida em países como a Holanda, houveram protestos contra ela na França. Mas também houve protestos de mulheres exigindo o direito de usá-las! Uma peça que ganhou comoção popular porque mostrava um pouco mais do corpo feminino, sempre considerado um "objeto" a ser resguardado, já que os velhos hábitos diziam para as mulheres se vestirem de modo "decente", afinal elas passavam de ser propriedade dos pais para logo a seguir serem dos maridos. Demorou uns bons anos pros tabus caírem, a revolução de maio de 1968 ajudou nesse processo.


A Mini saia hoje
Pelo fato de ser curta, muitos a associam à vulgaridade, o que de certa forma não é certo. A vulgaridade (assim como a elegância) é muito mais ligada à gestos e atitudes do que à uma peça de roupa específica.
Se nos anos 60, os corpos magros rompiam a geração baby boomer com a de seus pais, atualmente já está mais do que provado que todos os tipos de corpo podem usar a peça, mesmo as mais gordinhas, quanto mais curta uma saia, mais alonga as pernas e consequentemente provoca uma ilusão de ótica de a pessoa ser mais magra e alta do que realmente é.
Usada com leggings ou meias calças, torna-se uma peça menos sexy e ousada, ao mesmo tempo que simboliza uma ambiguidade: liberdade + repressão.
Nos dias de hoje, por ter se tornado uma peça clássica, já perdeu muito de suas conotações originais, se tornou uma peça ambivalente e até mesmo de militância, já que as mulheres querem ter direito de usar a roupa que quiserem sem serem julgadas ou atacadas. 

Fontes pesquisadas: 
Documentário- Minissaia uma história curta
A Roupa e a Moda
História do Vestuário no Ocidente.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Revivalismo Histórico, Living History e Historical Reenactment: Diferenças!

Nas quatro últimas postagens, apresentei pra vocês artigos que escrevi neste ano para o site do Picnic Vitoriano SP. Vou indicar mais um último artigo agora. 
Recentemente no Brasil, surgiram grupos de Revivalismo Histórico que aos poucos tem conquistado público e espaço. Mas ao redor do mundo, existem além de grupos revivalistas, grupos de Living History e Historical Reenactment. O que são eles? Quais as diferenças entre cada proposta?
Convido vocês a darem uma passada no post, clicando no link seguir:

Revivalismo Histórico (foto Picnic Vitoriano SP):
Recomendo também a leitura desta matéria na Folha: http://folha.com/no1279978

Historical Reenactment:
 


 Living History:



terça-feira, 11 de junho de 2013

Piercings na Era Vitoriana e Eduardiana

O post anterior foi sobre as mulheres tatuadas da Era Vitoriana. Ter tatuagens foi uma breve tendência entre a elite e durou até o momento em que as tattoos chegaram à classe mais baixa da população. As mulheres tinham desenhos ou nomes de seus maridos em lugares que só ficavam expostos nas horas de intimidade. Também foi relatado que muitas damas da alta sociedade tiveram lábios e bochechas tatuados, assim como a socialite americana que se tornou princesa belga, Clara Ward - a Princesa de Caraman-Chimay, que teria tatuagens escondidas nos braços. Em 5 de abril de 1901, o jornal Corriere della Sera, de Milão, comentou sobre a mania de "que até mesmo senhoras estão tendo tatuagens nas partes menos expostas de seus corpos".


Mas esta postagem é sobre outra modificação corporal: os piercings.

Assim como com as tatuagens, ocorreu uma breve mania de damas da alta sociedade terem seus mamilos adornados com piercings em fins da Era Vitoriana, na década de 1890. Sabe-se da existência de ao menos um joalheiro inglês e um joalheiro parisiense que ofereciam este serviço à clientes do sexo feminino. Os motivos dessa moda é que as mulheres acreditavam que os piercings fariam seus seios crescerem mais redondos e atraentes. Outra teoria é que elas desfrutavam as sensações prazerosas do acessório encostando nas roupas.

Existem dois livros que falam sobre o assunto, um deles de Stephen Kern, chamado "Anatomy and Destiny", conta que as jóias eram vendidas em uma loja cara de Paris, os chamados "anneaux de sein", eram inseridos no mamilo e algumas mulheres usavam um de cada lado ligados por uma corrente delicada.
Na inglaterra, havia um único joalheiro na Bond Street que colocava piercings nos mamilos de damas e jovens mulheres elegantes de Londres. 
Uma certa Madame Beaumont fazia o procedimento em Paris, é o que conta uma jovem mulher e sua irmã em 1889:
    
"... Uma certa Madame Beaumont, faz a operação como parte de seu negócio. Obtivemos o endereço dela, e marcamos um horário para visitá-la. Encontramo-la ocupando um apartamento elegantemente mobilado, numa rua que vai parar na Rue de Rivoli... o negócio de Madame B é ministrar os pequenos desejos e necessidades das mulheres, tais como tingimento de cabelo, esmaltagem, corn doctoring, perfuração de orelha e ocasionalmente, os mamilos. Ela tem bastante variedade de anéis de ouro feitos expressamente para esse fim, e ela nos mostrou que tanto ela quanto a filha os estavam usando no momento.
    Madame B inventou um instrumento com a finalidade de assegurar que a perfuração seja feita na direção correta através do mamilo e sem qualquer chance de fracasso. É algo com o formato de pinças de açúcar, mas em vez de colheres nas extremidades há um par de tubos pequenos de cerca de 1 polegada de comprimento, um em linha reta com o outro, de modo que, quando o mamilo é agarrado nas extremidades dos tubos, um perfurador pode ser passada através, sem qualquer possibilidade de se desviar da sua trajetória...
    Eu fiquei parcialmente despida e sentada sozinha em um sofá ao lado de Madame B, que passou o braço em volta de meu pescoço e me segurou com firmeza. Madame B, em seguida, banhaou meu seio direito por alguns minutos com algo que cheirava benzoína, e parecia quase congelar. Ela então, ajustou o instrumento em direção ao mamilo e firmou, em seguida, antes de eu estar ciente de sua inserção, ela mergulhou o piercing através dos tubos...
    Ela então retirou e removeu as pinças, deixando o piercing ainda furando através do mamilo, o anel foi passado através do mamilo e fechado... Nós passamos as próximas horas banhando nossos seios com água canforada, que Madame B recomendou-nos a usar... depois de um tempo fomos capazes de nos vestir e ir". 


Muitas mulheres tiveram pequenas correntes ao invés de anéis presos de mamilo a mamilo, e uma célebre atriz do Gaiety Theater usava "uma cadeia de pérolas com um arco em cada extremidade." A idéia de que os seios ficavam mais redondos e excitados foi relatado por uma costureira de Londres, em uma carta para uma revista:


    "Durante muito tempo não conseguia entender por que eu deveria concordar com uma operação tão dolorosa sem razão suficiente. Logo, no entanto, cheguei à conclusão de que muitas mulheres estão prontas para suportar a dor por causa do amor. Eu achei que os seios de quem usava anéis eram incomparavelmente mais redondos e mais completamente desenvolvidos do que aqueles que não o fizeram... Então eu tive meus mamilos perfurados, e quando as feridas foram curadas, eu tinha anéis inseridos... No que diz respeito à experiência de usar esses anéis, só posso dizer que eles não são, no mínimo desconfortáveis ou dolorosos. Pelo contrário, a ligeira fricção e deslizamento dos anéis provoca em mim um sentimento extremamente excitante, e todos os meus colegas com quem falei sobre este assunto confirmaram a minha opinião."


Fontes consultadas:
http://lustintime.blogspot.com.br/2008/11/10-facts-about-edwardian-era.html
http://edwardianpromenade.com/edwardians/punk-rock-edwardians/

segunda-feira, 10 de junho de 2013

As Mulheres Tatuadas da Era Vitoriana e do Começo do Século XX

Publiquei em meu outro blog, o Moda de Subculturas, sobre o livro Bodies of Subversion - A Secret History of Women and Tattoos. A obra fala sobre o início da tatuagem ocidental com a descoberta do Capitão Cook de nativos Maori tatuados na década de 1760 e discorre sobre o tema até os dias de hoje.

No século XIX, a tatuagem rapidamente tornou uma tendência de moda entre as mulheres da classe alta da sociedade vitoriana. Isso devido aos relatos dos exploradores da época, ao voltar para o Reino Unido cheios de contos sobre as estranhas e maravilhosas mulheres tatuadas que viam em suas viagens. As mulheres vitorianas tinham pernas ou braços tatuados com os nomes de seus maridos ou com desenhos decorativos que funcionavam como jóias. A tendência diminuiu por volta da virada do século, em parte porque as mulheres de circo começaram a aparecer na década de 1880, e a prática rapidamente tornou-se associada com as classes mais baixas. Essa idéia de associar tatuagem com classes baixas permaneceu por um bom século, agravada por outros fatores. Porém, nem todas as mulheres vitorianas faziam livre escolha de se tatuar, algumas foram tatuadas contra a sua vontade para  virarem atrações circenses.
 "Mulheres da classe alta vitoriana estavam fazendo um gesto feminista. Elas estavam tomando o controle de seus corpos quando eles tinham pouco poder em outro lugar", explica Mifflin. 
Abaixo algumas mulheres tatuadas da virada do século:

Olivia Oatman: teve sua familia morta por índios yavapis no oeste dos Estados Unidos. A tribo a raptou e fez nela a primeira tatuagem em uma mulher branca que se tem notícia. Aos 19 anos foi resgatada e virou celebridade local por sua tatuagem tribal no rosto.


Nora Hildebrandt foi a primeira mulher a ser tatuada para ser uma atração de circo. Ela fez sua estréia em Março de 1882. Nora foi tatuada por seu pai, o alemão Martin Hildebrandt, um dos primeiros homens ter uma loja de tatuagem nos Estados Unidos, mais especificamente em 1846. Ela era a tela de seu pai quando ele não estava tatuando marinheiros ou soldados da Guerra Civil. Estima-se que ela teria tido 365 tatuagens do pescoço aos aos pés. Ela viajou com o Barnum and Bailey Circus durante a década de 1890 e é considerada "a mãe de todas as mulheres tatuadas de circo".


Irene Woodward, também conhecida como La Belle Irene, começou a realizar performances como mulher tatuada na década de 1880. Fez sua estréia em grande estilo em Nova York, poucas semanas depois de Nora Hildebrandt. Trabalhou em museus e fez viagens por toda a Europa com grande sucesso. No palco, alegou ter sido tatuada por seu pai, mas na verdade foi tatuada por Samuel O'Reilly, então aprendiz de Charles Wagner. Irene passou 15 anos trabalhando em circo.


Maud Wagner, é considerada a primeira tatuadora americana. Teve encontros amorosos antes do casamento (com seu futuro marido Gus) em troca de aulas de tatuagens. Ela também era trapezista e contorcionista. Seu marido Gus, foi o primeiro a utilizar uma máquina de tatuagem elétrica. Sua filha também Lovetta Wagner também tornou-se uma artista reconhecido, apesar de não ter tatuagens.


Mildred Hull, "A Rainha Bowery", nasceu em 1897 e era uma mulher tatuada e uma tatuadora. Mildred começou a sua carreira no circo como uma dançarina exótica e depois virou tatuadora sendo uma das pioneiras a aprender a tatuar sem a ajuda de um namorado ou marido. Em 1939, ela tinha seu estúdio chamado Tattoo Emporium, que compartilhava com um barbeiro. Ela tatuou muitas mulheres ao longo de sua carreira.


Artoria Gibbons, cujo seu verdadeiro nome é Anna Mae Burlingston,  conheceu o tatuador Charles Gibbons, com quem se casou em 1912. Seu marido tatuou todo o seus corpo com motivos religiosos, já que Anna era devota da Igreja Episcopal. Junto com Charles, ela trabalhava como mulher tatuada na década de 1920 sob o nome artístico Artoria Gibbons. Entre suas tatuagens estavam a Anunciação de Sandro Botticelli e a Sagrada Família de Michelangelo. Artoria chegou a dizer que se tornou uma mulher tatuada devido aos problemas econômicos já que o trabalho como mulher tatuada era uma boa maneira de sobreviver.


Lady Viola nasceu 27 de março de 1898 em Covington, Kentucky, e seu nome verdadeiro era Ethel Martin Vangi. Foi tatuada em 1920 por Frank Graf e logo se tornou conhecida como "a mulher tatuada mais bonita do mundo". Ela trabalhou em museus e participou do circo Thomas Joyland até os 73 anos de idade.


La Bella Angora foi performer de um circo alemão do início do século XX, e alcançou grande fama. Também criou a história de palco de que suas tatuagens foram feitas quando ela foi sequestrada em terras distantes por selvagens.


Betty Broadbent, teve  seu corpo tatuado por homens como Van Joe Hart, Charlie Wagner, Red Gibbons e Tony Rhineagear. Betty gostava de passar o dia na beira da praia e foi uma das circences mais fotografadas de sua época. Fez história ao aparecer no primeiro concurso televisivo de pessoas completamente tatuadas durante a Exposição Mundial de 1937. Ela disse que em sua pele havia mais de 350 tatuagens, incluindo várias celebridades de seu tempo, como a Rainha Victoria. Betty passou 40 anos viajando por toda a América do Norte, Austrália e Nova Zelândia além de ser tatuadora eventualmente. Em 1981 foi a primeira pessoa a entrar no Hall of Fame das tatuagens.


Você pode ler o post completo AQUI.

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