A Moda e o Tempo: Os Primeiros Vitorianos
Veja as outras partes desta sequência:
A Moda e o Tempo Parte 1: A Revolução Romântica na Moda
A Moda e o Tempo Parte 2: Os Primeiros Vitorianos
A Moda e o Tempo Parte 3: O Homem Vitoriano e sua Barba
A Moda e o Tempo Parte 4: Mulheres Vitorianas
Quando o movimento romântico
iniciou sua segunda geração - da rica poesia de Keats, Byron e Shelley
-, a moda começou a se alterar. O vestido feminino embora mantendo a
cintura alta e a forma tubular, tornou-se mais enfeitado e colorido.
Gradativamente as saias e mangas aumentaram, adornos e laços apareceram;
a mulher jovem passou a se parecer com abajures de penteadeira. As
roupas dos homens, apesar de não terem se modificando tanto, se tornaram
mais volumosas e coloridas. Foi o auge do periodo dandy,
com sua meia comprida, peito de pombo, casaco cintado listrado e calças
justas amarelas de couro de gamo. Por volta de 1820, o primeiro padrão
vitoriano foi esbelecido: o homem elegante e cheio de si e a mulher
infantil elaboradamente enfeitada, imatura tanto mental quanto
fisicamente.
Nos primórdios da Era Romântica (inclui-se aí parte da Regência), o vestido feminino tinha forma tubular e era enfeitado com babados. Já a moda masculina vivia o auge da era dândi, de peito com enchimento, calças justas de cintura alta e cartola, o primeiro padrão vitoriano do homem cheio de si.
Nos primórdios da Era Romântica (inclui-se aí parte da Regência), o vestido feminino tinha forma tubular e era enfeitado com babados. Já a moda masculina vivia o auge da era dândi, de peito com enchimento, calças justas de cintura alta e cartola, o primeiro padrão vitoriano do homem cheio de si.
Os trinta anos seguintes presenciaram variações sobre esse tema, primeiro, na década de 1820, surgiu
a aparência da menininha tola: toda de fitas, pompons, cachos, mangas
balão e chapéus extremamente grandes e folgados. Ser pequeno e magro era
uma vantagem: mãos e pés pequenos e cinturas estreitas eram exploradas,
e o peito era suprimido ou encoberto por decote alto. Como estas roupas
sugerem, frivolidade e inanidade tornaram-se caracteristicas femininas
desejaveis. A ignorância, que era como um sinônimo de inocência, era
preferida à sagacidade e à perspicácia - que sugeriam familiaridade com a
impureza. Dora Spenlow, personagem do livro David Copperfild com seus
suspiros, beicinhos e medos infantis é um bom exemplo deste tipo
característico da época.
A partir de 1820 a aparência feminina deveria exigir fragilidade: magreza, pequenez e roupas que exalavam delicadeza e inocência.
A partir de 1820 a aparência feminina deveria exigir fragilidade: magreza, pequenez e roupas que exalavam delicadeza e inocência.
Geoffrey Squire em seu brilhante estudo Dress and Society
ressaltou que durante o seculo XIX, o ideal feminino como revelado
pela moda, envelheceu gradativamente. As roupas das mulheres evoluiram
dos vestidos simples de musselina branca de 1800 (que podem ser
comparados a camisolas de bebes), às pesadas "roupas sob medida" dos
anos 1900. Em 1810, a mulher ideal era um bebê; na década de 1820 ela se
tornou uma criança; nos meados dos anos de 1830, uma adolescente
suscetível, recatada e despretensiosa, ao invés de ingenuamente atrevida
(como Rose Maylie, Florence Dombey e Little Dorrit das obras de
Dickens). Jane Eyre também apresenta este aspecto feminino ao mundo.
Pequena,ombros caídos: a mulher ideal. |
A
beleza do início da Era Vitoriana como retratada nas ilustrações e
estampas de moda, era de constituição pequena e esguia, como a própria
jovem rainha Victoria. Seios de menina, cintura estreita, olhos grandes e
escuros e boca minúscula como um botão de rosa. Parecia estar prestes a
ser lançada como um balão de ar quente, mal parecia forte o suficiente
pra se sustentar ereta sem o apoio de suas roupas. Sua cabeça pendia de
seu pescoço fino e ombro caídos - quanto mais caídos melhor. As roupas
se transformaram para se adaptar a esse novo ideal. As saias voltaram a
se estender até o chão, mangas enormes e bufantes caiam até os pulsos;
pregas e debruns substituíram laços e babados soltos do começo da década
de 1830. A aparência de alegria infantil dos anos anteriores
desapareceu; em seu lugar, o feitio dos vestidos acentuava a inclinação
submissa dos ombros caídos. Nestas roupas, as mulheres caminhavam e se
moviam menos vigorosamente. Os espartilhos mais compridos e as saias
volumosas pesavam, golas, fichus de renda e grandes xales franjados
dificultavam ou impossibilitavam a mulher elegante de erguer os braços
muito alto, enfatizando sua impotência. Seu cabelo perdeu o cacheado;
agora era repartido ao meio e puxado pra trás em duas partes uniformes e
pendentes. Os lados do chapéu pendiam e se fechavam sobre seu rosto,
com abas que impediam sua visão lateral, como antolhos de um cavalo.
Essa forma de chapéu transmitia que aquela que o usava era muito
delicada e suscetível para suportar o olhar da multidão. Ao mesmo tempo
expressava perfeitamente a ideia de que uma bela mulher naturalmente
teria uma visao de mundo limitada e estreita: de que seu olhar não se
extraviaria enquanto ela vivesse.
Roupas que limitavam o movimento do corpo, como erguer os braços, cheias de fichus e saias armadas com crinolina enfatizavam a impotência da mulher. Chapéus com grandes abas as impediam de virar completamente o pescoço e limitavam sua visão. Cabelo repartido ao meio com pontas em cacho.
Devemos assinalar que no começo, a mulher vitoriana era um ideal, não uma realidade. As mulheres cuja personalidade e atributos fisicos se ajustavam a moda que prevalecia a adotaram satisfeitas, exatamente como se faz hoje. Outras foram menos afortunadas:
Roupas que limitavam o movimento do corpo, como erguer os braços, cheias de fichus e saias armadas com crinolina enfatizavam a impotência da mulher. Chapéus com grandes abas as impediam de virar completamente o pescoço e limitavam sua visão. Cabelo repartido ao meio com pontas em cacho.
Devemos assinalar que no começo, a mulher vitoriana era um ideal, não uma realidade. As mulheres cuja personalidade e atributos fisicos se ajustavam a moda que prevalecia a adotaram satisfeitas, exatamente como se faz hoje. Outras foram menos afortunadas:
"nos
primeiros 50 anos do seculo XIX, enquanto a meta da roupa elegante era
criar uma beleza jovem, fragil idealizada, as mulheres que eram grandes,
ativas e de meia idade muitas vezes não tinham outra alternativa a não ser parecerem cômicas ou trágicas, se estiverem dispostas a agir de acordo com a moda"
Aquelas
que não queriam parecer meninas ou indefesas, ou que não possuiam o
físico adequado para o papel, talvez preferissem andar fora da moda,
pelo menos enquanto continuasse a mesma.
Mulheres de meia idade, cheias de babados, fichus e chapéus com aba nada tinham de inocencia ou juventude e muitas vezes parecem cômicas ou trágicas quando vestidas de acordo com a moda vigente.
Mulheres de meia idade, cheias de babados, fichus e chapéus com aba nada tinham de inocencia ou juventude e muitas vezes parecem cômicas ou trágicas quando vestidas de acordo com a moda vigente.
O
texto foi escrito pela autora do blog de acordo pesquisas em livros de
Moda lançados no Brasil e no exterior. Se forem usar para trabalhos ou
sites, citem o blog como fonte. Leiam livros de Moda para mais
informações e detalhes.
Fonte: livro A Linguagem das Roupas
*Originalmente postado em meu outro blog, o Moda de Subculturas.
Fonte: livro A Linguagem das Roupas
*Originalmente postado em meu outro blog, o Moda de Subculturas.
Adorei, gostaria que ouve-se mais, está muito resumido, Paula.
ResponderExcluirPaula, como leu no fim do texto, o conteúdo foi retirado de um subcapítulo do livro A Linguagem das Roupas e equivale a 85% do que está escrito lá. Transcrevi o trecho do livro retirando uma ou outra frase. Há outros posts da Era Vitoriana no blog e no próprio livro citado, que é muito bom!
ExcluirExcelente,adorei!
ResponderExcluir