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terça-feira, 28 de maio de 2013

A Moda e o Tempo: A Revolução Romântica na Moda

Vocês já devem ter lido o post "A Lei de Laver - A Moda e o Tempo" que falava como fatores econômicos e sociais influenciam o gosto e as escolhas de moda dos indivíduos. Nesta postagem volto a abordar a relação entre Moda e Tempo, mas sob outro ângulo.
Embora os indivíduos tenham sido censurados por se vestirem como jovens ou velhos demais, às vezes a própria moda cometeu o mesmo crime. Em determinados períodos da historia, toda uma geração de carneiros - sem mencionar alguns lobos - usou roupas de cordeiro. Em algumas épocas, os estilos que prevaleceram para homens e mulheres sugeriam maturidade avançada, dando aos jovens uma aparência de meia-idade. 
Essas mudanças na moda não são arbitrárias e extravagantes e sim, o sinal externo e visível de profundas alterações sociais e culturais. A adoção de estilos juvenis nunca envolve a roupa isolada. Invenção, experimentação, novidade e acima de tudo juventude, entram na moda e a própria moda começa a imitar as roupas de crianças. Às vezes os estilos copiados são contemporâneos, com frequência são aqueles que a última geração de adultos usou quando era jovem. Ao vestir estes estilos, os indivíduos comunicam graficamente que se recusam a se colocar no lugar de seus pais ou a se parecer com eles de alguma maneira.

Veja as outras partes desta sequência:
A Moda e o Tempo Parte 1: A Revolução Romântica na Moda
A Moda e o Tempo Parte 2: Os Primeiros Vitorianos
A Moda e o Tempo Parte 3: O Homem Vitoriano e sua Barba
A Moda e o Tempo Parte 4: Mulheres Vitorianas

 
A Revolução Romântica na Moda 

No século XVIII as roupas eram - e foram durante muito tempo - extremamente formais, rígidas e elaboradas. As pessoas ricas dos dois sexos vestiam trajes com enchimentos, barbatanas, fitas, enfeites e bordados. Os pés eram apertados em sapatos de salto e bico fino. As cabeças dos homens recebiam o peso das perucas e cacheadas; as das mulheres, construções complicadas de cabelo verdadeiro e falso que podiam levar horas para serem realizadas e às vezes atingiam alturas surpreendentes (são vistas nos retratos de Maria Antônieta e das mulheres de sua corte). 

A moda extravagante feminina tinha trajes com armação lateral nas saias, enfeites e penteados elaborados. Os homens, igualmente enfeitados com babados, bordados e grandes perucas.



Alguns homens foram longe, com o estilo "macaroni", originado por volta de 1770 por jovens ingleses que viajavam para a Italia. Em suas cabeças um penteado pompadour extravagante.





1880: traje feminino mais simples

A mudança para estilos mais infantis e simples ocorreu na época das revoluções francesa e americana, e foi uma manifestação da mudança politica, social e cultural. Mesmo antes de 1776, o movimento romântico, com ênfase no simples e natural, começou a se refletir no modo de se vestir.

Foi especialmente evidente na Inglaterra, onde franzidos e rendados para homens e enormes armações laterais de saias para as mulheres começaram a desaparecer na década de 1770. A moda americana obedeceu a inglesa embora à certa distância como acontece nas províncias. 

Na França, a extravagância e o excesso de adornos continuaram até a véspera da Revolução quando o Terceiro Estado aboliu a distinção de classes na maneira de vestir* e aristocratas aterrorizados abandonaram suas armações e jóias. Em uma crise, as pessoas tem menos tempo de comprar ou desenhar novas roupas. Uma vez passada a crise, foram introduzidos estilos mais simples, primeiro imitando os já existentes na Inglaterra, depois levados ao extremo.

Por volta de 1800, mulheres e homens usavam o tipo de roupa que deviam ter vestido em crianças: vestidos de musselina branca, decotados, de cintura alta para as mulheres; casacos simples, sem adornos, calças brancas e marrom claras para os homens. As perucas e penteados elaborados cederam lugar a um cabelo mais curto, de aparência mais natural. As saias ergueram-se do chão, revelando tornozelos cobertos por meias brancas infantis e sapatilhas sem salto para os dois sexos. Os poemas de Blake Wordsworth proclamavam a virtude e a nobreza naturais da infância. Estes trajes tinham a energia, espontaneidade e sensibilidade romântica infantil daqueles que os vestiam (continua...).

De fins do século XVIII a começo do século XIX, os homens abandoram os adornos por um estilo mais simples, inclusive nos cabelos: 



As mulheres passaram a usar roupas com aparência infantil: longos vestidos de musselina com a cintura alta e sem os corsets que delimitavam a cintura (meninas crianças ainda não tem cintura), o que dava à elas uma aparência juvenil, pareciam ser mais jovens que suas idades verdadeiras.



* Diferente de hoje que temos uma moda mais democrática e acessível, antigamente as roupas diferenciavam claramente as classes sociais.


O texto foi escrito pela autora do blog de acordo pesquisas em livros de Moda lançados no Brasil e no exterior. Se forem usar para trabalhos ou sites, citem o blog como fonte. Leiam livros de Moda para mais informações e detalhes.
Fonte: livro A Linguagem das Roupas
*Originalmente postado em meu outro blog, o Moda de Subculturas.

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1 comentários:

  1. Parabéns. Teu texto é de um didatismo perfeito. Sério, porém, sem aborrecimentos. Flui claro. Tua pesquisa histórica é surpreendente. Parabéns de novo.
    Gosto muito do teu trabalho.
    Obrigado pelo blog.
    Atenciosamente
    Frederico Leão

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