No post anterior falei sobre a exposição "Impressionismo: Paris e a Modernidade", não fui lá apenas por admirar a arte impressionismo, mas também observar nas obras a moda das épocas Vitoriana até a Belle Époque
Uma exposição exatamente sobe isso acabou de ser aberta no Museu d´orsay em Paris: a mostra "O Impressionismo e a Moda" é sobre a relação dos pintores impressionistas com as roupas e vai até janeiro do ano que vem tendo entre seus patrocinadores o grupo LVMH, dono de grifes como a Dior e é uma colaboração entre o Museu d'Orsay, o Instituto de Arte de Chicago e o Metropolitan Museum of Art, de Nova York.
O recorte temporal das obras vai de 1860 a 1880. Nesta época em Paris, eram inauguradas as primeiras lojas de departamentos da história. E para a classe média emergente, vestir-se nessas lojas era símbolo de status.
Os impressionistas pintavam a vida parisiense de jogar, cantar, dançar e se divertir. Dia e noite, a música dava a atmosfera dos cafés, salões de dança e concertos ao longo do Sena. Estes entretenimentos misturavam as classes sociais disseminando o erudito e popular. Com o fim do Segundo Império (Era Vitoriana na Inglaterra) e o começo da Terceira República Francesa, os pintores traduziam esse mundo em mudança, queriam capturar o espírito da época, representando pessoas em atividades e atitudes de seu tempo e como estavam vestidos. Os pintores fizeram da moda um símbolo da modernidade.
A seguir, explicarei tudo bem detalhado. Quem estiver a fim de adquirir um pouco mais de conhecimento desta época, vamos lá!
A burguesia triunfou na segunda metade do século XIX e seu sucesso se mostra nas roupas. Óperas, teatros, salas de concertos, cabarés, cafés, são lugares frequentadíssimos. Mas além da burguesia tradicional, novas classes sociais aparecem, como a pequena burguesia tirando proveito da tecnologia e do progresso industrial. As mulheres destas classes faziam suas tentativas de copiar os modos da alta sociedade e alfaiates proliferaram fazendo alta-costura entre os anos de 1875-1885. Uma nova categoria de mulher que transcende origens sociais entra em cena sob o nome de "La Parisienne" (um estereótipo das jovens parisienses): burguesas, vendedoras, costureiras ou demi-mondaines, as "La Parisienne" tornaram-se o tema favorito dos artistas.
A burguesia triunfou na segunda metade do século XIX e seu sucesso se mostra nas roupas. Óperas, teatros, salas de concertos, cabarés, cafés, são lugares frequentadíssimos. Mas além da burguesia tradicional, novas classes sociais aparecem, como a pequena burguesia tirando proveito da tecnologia e do progresso industrial. As mulheres destas classes faziam suas tentativas de copiar os modos da alta sociedade e alfaiates proliferaram fazendo alta-costura entre os anos de 1875-1885. Uma nova categoria de mulher que transcende origens sociais entra em cena sob o nome de "La Parisienne" (um estereótipo das jovens parisienses): burguesas, vendedoras, costureiras ou demi-mondaines, as "La Parisienne" tornaram-se o tema favorito dos artistas.
As mulheres elegantes se orgulhavam de ter uma sala de estar (ou boudoir) e vestir até seis roupas diferentes por dia, do vestido da manhã até o vestido de gala, passando por toda a gama de vestidos para usar dentro de casa e vestidos noturnos. Os trajes de ficar em casa eram algodões leves com listras, bolinhas, fitas, babados. Para a noite, um vestido de jantar é diferente de um vestido de baile e de ópera. Vestidos de teatro e jantar geralmente eram ricamente ornamentados e tinham ombros cobertos e mangas 3/4. Para bailes e noites na ópera, os vestidos tinham o pescoço e ombros nus e penteados complicadas decorados com jóias ou flores.
Na década de 1860, a novidade na moda é Crinolina, uma gaiola de metal de fabricação industrial. Os aros concêntricos de aço tinham a vantagem de serem mais leves do que a sobreposição de diversas saias. Na França, a produção das crinolinas chegou no auge de sua popularidade com quase 5 milhões de exemplares vendidos por ano antes de desaparecer em 1867 para dar espaço à tournure (Crinolette). A transição ocorreu da seguinte forma: a gaiola de metal começou a se dividir em duas, então desapareceu na frente, mas ainda presente na parte traseira. No final, a silhueta tem um bustle com um monte de tecidos caindo em cascata para aumentar o bumbum e formar um pufe, o famoso "cul” de Paris (literalmente: “bunda” de Paris).
Variedade de Chapéus (clique) |
As
pinturas impressionistas são testemunhas oculares da moda nos dizendo
como eram usados os vestidos, como era a curva de um ombro, o que se
usava na cabeça ou como se movimentavam as mãos, nos dando informações
essenciais sobre o comportamento diário das mulheres entre 1865 e 1880.
Um
dos destaques da exposição é o grande retrato de Madame Bartholomé,
pintado pelo marido, Paul-Albert Bartholomé. A exposição trás o vestido
original, gurdado pelo marido após a morte da esposa e pelo que li,
dizem que pessoalmente, o vestido real parece menos maravilhoso do que o
do quadro, o que mostra como a luz do ambiente e o corpo de uma mulher
dão vida à peça na obra de arte.
O traje está muito bem conservado e surpreende pelo do tamanho da senhora (talvez o tamanho 32 ou 34, numa altura que parece "normal").
O traje está muito bem conservado e surpreende pelo do tamanho da senhora (talvez o tamanho 32 ou 34, numa altura que parece "normal").
Outros vestidos que saíram de quadros:
Para as demi-mondaines e as cortesãs, as lingeries eram ferramenta de sedução. Manet foi um dos que descreveu o mundo das cortesãs com o espartilho desempenhando o papel principal. Esta peça ambígua, durante o século XIX era a peça central da lingerie. Era inconcebível uma mulher não usar espartilhos. Haviam diversos deles: os espartilhos para manhã e noite, inverno e verão, espartilhos de baile, espartilhos nupciais, espartilhos para viagens, gravidez, espartilhos de equitação. Para lidar com as dolorosas barbatanas de baleias e marcas no corpo, a mulher vestia chemise antes do espartilho,em seguida, ela colocava outra chemise. Nas pernas, as meias eram presas por ligas no joelho. A seguir colocava-se as calças de lingerie, e finalmente várias camadas de anáguas e a saia.
O Cinema e a Fotografia
A revolução impressionista precedeu o nascimento do cinema, inventado pelos irmãos Lumière em 1895. No final do século XIX, a relação entre pintura, fotografia e cinema era visível tanto na escolha dos temas, das paisagens, cenas da vida cotidiana, a paixão pela modernidade, no uso de enquadramento preciso e experiências em pesquisa de iluminação e movimento.
Nas pinturas de Gustave Caillebotte, a influência da fotografia é bastante visível, ele pintava em perspectiva com ângulos largos, como se captasse tudo o que estava em seu campo de visão. Na década de 1840 e em 1859, vistas estereoscópicas mostrando os bulevares parisienses e silhuetas de pedestres são capturados em movimento com alta precisão. Estas fotografias encantavam o público e até chamaram a atenção de médicos e todos os que estavam preocupados com a representação do corpo humano.
As revistas femininas davam desde dicas de economia doméstica, princípios de etiqueta, conselhos e moldes de costura. Elas se popularizaram no final do Segundo Império, esta abundância era alimentada pelos catálogos ilustrados de lojas de departamento e por revistas destinadas a atender profissionais especializados como alfaiates, costureiras e chapeleiros. Em 1880, Manet e Renoir, Paul Cézanne, cada um a seu modo, pintaram mulheres lendo revistas ilustradas. Na exposição, estão expostas também algumas das primeiras revistas de moda.
A revolução impressionista precedeu o nascimento do cinema, inventado pelos irmãos Lumière em 1895. No final do século XIX, a relação entre pintura, fotografia e cinema era visível tanto na escolha dos temas, das paisagens, cenas da vida cotidiana, a paixão pela modernidade, no uso de enquadramento preciso e experiências em pesquisa de iluminação e movimento.
Nas pinturas de Gustave Caillebotte, a influência da fotografia é bastante visível, ele pintava em perspectiva com ângulos largos, como se captasse tudo o que estava em seu campo de visão. Na década de 1840 e em 1859, vistas estereoscópicas mostrando os bulevares parisienses e silhuetas de pedestres são capturados em movimento com alta precisão. Estas fotografias encantavam o público e até chamaram a atenção de médicos e todos os que estavam preocupados com a representação do corpo humano.
As revistas femininas davam desde dicas de economia doméstica, princípios de etiqueta, conselhos e moldes de costura. Elas se popularizaram no final do Segundo Império, esta abundância era alimentada pelos catálogos ilustrados de lojas de departamento e por revistas destinadas a atender profissionais especializados como alfaiates, costureiras e chapeleiros. Em 1880, Manet e Renoir, Paul Cézanne, cada um a seu modo, pintaram mulheres lendo revistas ilustradas. Na exposição, estão expostas também algumas das primeiras revistas de moda.
Ao ar livre
A recreação ao ar livre estava intimamente ligada ao mundo da moda. Parques, jardins dos subúrbios, florestas, eram espaços propícios para usar os vestidos de verão. Esta sessão da exposição tem piso de grama sintética e bancos de jardim. Só faltou a toalha para o piquenique.
Moda Masculina
O
espaço dedicado à moda masculina é bem pequeno e destaca o
desaparecimento da cor em favor de tons mais escuros, o que na época
provocou reações entre os artistas. Théophile Gautier em 1858, se
rebelou alegando que ternos e casacos pretos eram um obstáculo para a
criação de obras-primas. Porém, outros artistas alegaram que o corte e
cores neutros davam valor à cabeça, à sede de inteligência, ao
pensamento e às mãos. Isso pode ser observado em obras de Degas e
Caillebotte onde sobrecasacas e cartolas acompanham sonhadores ociosos,
maridos atenciosos e amantes. Manet, Monet, Renoir e Bazille pintam o
casaco e a jaqueta com distinção, e mãos segurando chapéus,
guarda-chuvas, charutos e cigarros.
Roupas fornecem um fluxo contínuo de discussões morais, sociais, estéticas, filosóficas e literárias. E a arte faz parte de tudo isso.
Espero que tenham gostado!
*Originalmente postado em meu outro blog, o Moda de Subculturas no dia 08/10/2012.
Fonte do Texto: musee-orsay.fr, http://lci.tf1.fr
Fonte das Imagens:
musee-orsay.fr, http://lci.tf1.fr, www.thepariser.fr, www.la-croix.com, www.thegoldenbun.com, www.francetvinfo.fr, tempsdelegance, french.peopledaily.com.cn/Culture, www.powerlook.com.br
musee-orsay.fr, http://lci.tf1.fr, www.thepariser.fr, www.la-croix.com, www.thegoldenbun.com, www.francetvinfo.fr, tempsdelegance, french.peopledaily.com.cn/Culture, www.powerlook.com.br
Estou simplesmente encantada! Comecei o curso de Design de moda este ano, suas escritas são maravilhosas. Parabéns!!
ResponderExcluirOlá... suas informações são muito ricas! Parabéns pela pesquisa e por nos ajudar! Tenho um grupo de teatro e ajudou a montar o figurino! Obrigada!
ResponderExcluirBoa noite.
ResponderExcluirEstou a adorar as suas publicaçoes.
A época vestimentar vitoriana sempre me maravilhou e poder ver como eram a crinolina/cage, provocou em mim um misto de medo(é quase impensavel hoje em dia) e de ainda maior fascinaçao por essa época!
Incrivel termos tido todas estas épocas, cada uma à sua maneira, maravilhosas e o que elas puderam influenciar naquilo que somos, vivemos e sobretudo vestimos actualmente.
Estou de acordo quando diz que quem acha a moda futil se engana...a meu ver, a moda sempre foi uma forma de expressao de cada época e actualmente a forma como cada um se veste acompanha aquilo que vive, é e espera do futuro.
Parabens pelos seu trabalho! Fico à espera de poder ler previsoes de moda de tempos futuros eheheh
sinceramente eu estou amado conteúdo são maravilhoso aprendendo muito referente moda que estou começado agora neste ramo
ResponderExcluirMaravilha! Amei descobri tanta coisa interessante sobre esse mundo de que encanta! Parabéns conteúdo excelente!!!
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